Nota do autor: A música acima é Bodies - Drowning pool. (Existe uma playlist no spotify com todas as músicas que apresento ao longo da narrativa. Procure por 'Itapoga' ou acesse o link da minha biografia).
Let the bodies hit the floor.
Era um sussurro.
Let the bodies hit the floor.
Outro sussurro.
Let the bodies hit the... floor!
A última palavra gritada pelo vocalista e que ditava o ponto inicial dos instrumentos que acompanhavam a música acordaram Daniel de seus devaneios. Reconheceu a música como sendo seu toque de despertar e logo se apressou em desligar seu alarme.
Entre os macios lençóis da cama, era possível ver apenas alguns fios loiros do cabelo do menino. Ele estava deitado na mesma posição desde que chegara da casa do brasileiro. Não conseguiu dormir, comer ou, ao menos, tirar os sapatos antes de se lançar no colchão.
Está além de sua competência intelectual entender o motivo de estar tão triste. Conhecia Pedro há menos de uma semana e, nesse tempo, foi capaz de sentir intensamente uma paixão avassaladora que nem todos os anos gostando de Aaron o fizeram sentir. Com apenas alguns sorrisos direcionados a ele, via-se completamente entregue aos encantos de Pedro.
Era um tolo.
Assim como nas histórias de amor que jurou ódio eterno, era ingênuo e caiu facilmente nos galanteios de alguém com a clássica personalidade de Don Juan. Demorou cerca de uma noite para chegar à resposta descrita acima e vociferou:
"Eu sou um idiota! Ó, Deus, por que me fizeste um parvo?!" Gritou aos céus em um breve surto de cólera.
Alguns segundos depois, estava cobrindo o rosto com as mãos, lembrando dos habilidosos dedos de Pedro percorrendo o violão e da doce voz que ele tem cantando aqueles versos bonitos. A memória era tão vívida que ele sentia a vibração das ondas sonoras entorpecendo seus sentidos e causando arrepios em todo o seu corpo como no dia anterior.
"Bom dia, Bela Adormecida!" A cantoria do brasileiro foi substituída por uma voz aguda e extremamente irritante que só aparecia em horas inoportunas. "Está na hora de despertar e colocar alguma coisa útil nesse seu cérebro pouco avantajado." Vincent continuou e Daniel furiosamente se sentou na cama, lançando um olhar pouco amigável ao colega de quarto. "É melhor você investir nos seus estudos, porque sua cara realmente não pode ser o seu ganha-pão." Riu e foi embora antes de ser atingido por algum objeto.
Atirou-se na cama novamente, respirando fundo. Ele sabia que a intenção de Vincent era a melhor apesar de suas palavras provocativas, incentivando-o a levantar e ir à escola. Porém, Daniel decidiu que precisava de um dia sozinho com seus pensamentos.
Embora estivesse determinado a entender melhor o porquê de se torturar com paixões por garotos heterossexuais, sua atenção foi facilmente tomada pelo familiar toque de mensagem do celular.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Itapoga (Romance gay)
RomanceGostaria de possuir um dom que me permitisse resumir essa obra em breves palavras, porém, não sou capaz. Seria de natureza impossível mostrar toda a profundidade psicológica do personagem principal, Daniel, nesse parágrafo; assim como é inviável dim...