Whispering {Bellamy Blake}

Hope

Josh, estou indo. Eu estou indo. Finalmente.

Maya estava com um mapa do andar aberto na mesa, Bellamy estava ao lado de Rey enquanto analisavam o local, procurando por possíveis locais que Josh poderia estar.

— Aqui é onde os jovens estão sendo mantidos — Maya aponta para a sala que haviam visto — Aqui é o armazém onde estamos e toda essa área é usada para as escolas...

— E isso nos deixa... — Rey procura pelo mapa por algo sobrando — Aqui, você não nos disse o que essa área é usada.

— Essa área é de acesso proibido, apenas para os soldados.

— Já é alguma coisa. — Bellamy diz e segura a mão de Rey — Eu tenho um cartão de acesso de soldado, posso nos colocar lá dentro.

— Eu não vou poder entrar e ajudar vocês, iriam me ver nas câmeras — Maya fala e retira um taser do seu bolso — Se o cartão não funcionar, talvez isso funcione. Eu os espero aqui.

Rey pega o taser e sorri. Estava perto e sentia isso.

Bellamy segura sua mão antes dela sair, chamando sua atenção.

— Rey...você precisa estar pronta, não sabemos o que vamos encontrar depois daquela porta.

Eu te avisei, Rey

— O que você quer dizer com isso?

— Não sabemos onde Josh pode estar, nem se ele...

Eu te avisei.

— Cala a boca! Apenas cala a sua boca e vamos.

Rey caminha para fora do armazém com passos decididos, Bellamy demora um pouco para a seguir. Estava confuso, fazia tempo que Rey parecia sempre estar no limite. Alguma coisa estava de errado e não sabia como a ajudar. Estava a vendo se afastar dele e não conseguia a segurar.
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Os dois caminham até a porta de acesso em silêncio, Rey não conseguia parar de pensar e Marla não conseguia parar de falar.

Eu vou o achar, Marla. Estamos quase lá! Eu sinto isso, estamos finalmente próximas. Apenas cala a boca e me deixa trabalhar! Bellamy...ele não sabe do que está falando.

Bellamy se aproxima da grande e pesada porta de acesso e coloca o cartão de Lovejoy no sensor, que fica verde e libera o caminho para os dois. Após a porta jazia um corredor cheio de suprimentos, cobertores e alimentos, assim como armas e equipamentos de combate. No fim do corredor outra grande porta de acesso.

— O que é esse lugar? Tem comida o suficiente para alimentar umas cem pessoas...

— Eu não sei, Rey — Ele se aproxima da estante de armas e a entrega uma pistola, pegando o quanto de munição que poderiam estocar — Precisamos estar preparados para tudo.

Todo o seu corpo estava arrepiado e algo a puxava para após aquela porta.

Estamos perto, Marla.

Bellamy se aproxima da porta seguinte e passa o cartão de Lovejoy no sensor de acesso, novamente a cor verde e a porta se abre.

Rey não sabia como reagir, seu corpo fica mole ao mesmo tempo que ela queria correr. Sua mente tenta entender o que estava acontecendo, voltando nos acontecimentos dos anos anteriores para entender se aquilo que estava vendo era real.

Rey via seu irmão, assim como via dezenas de outros sobreviventes do seu buncker. O mesmo que viu explodir perante seus olhos.

Rey via o seu irmão, e ele a via também.

Ela queria correr ao seu encontro depois de tantos anos, era como se estivesse vivendo um sonho tão distante. Entretanto, ele estava aqui perto dele.

Sua feição muda, ele sorri, mas continua andando como se nada tivesse ocorrido, assim como todas as outras pessoas ao seu redor. Todos andavam como se fossem ninguém.

Ela se prepara para correr até o seu irmão, já enxugando suas lágrimas.

— Para, Rey! — Bellamy fala a segurando pelo braço e ela vê o rosto de Josh se acalmar — Tem câmeras em todos os lugares aqui.

Bellamy segura sua mão e vê o rosto de Josh mudar.

— Ele está comigo, Josh. Viemos te resgatar.

— Shhh!  Apenas me sigam, e agem como malditos soldados!

Se conter nesse momento foi um desafio, ela queria o abraçar, queria gritar as perguntas que surgiam em sua mente. Ele havia crescido, estava quase do seu tamanho. Seu rosto era exatamente igual o do seu pai, mas seus olhos verdes ainda os conectavam. Ele parecia saudável e bem.

Josh os guiam até uma sala e faz um sinal para que Bellamy use o cartão de acesso, assim o faz e todos entram na sala.

— Pronto, aqui não somos vistos.

Rey cede aos seus instintos, ela o abraça fortemente e deixa todos os seus sentimentos para fora. Ela chorava, assim como Josh, quando se separa do abraço a unica coisa que podia fazer era analisar seu rosto, todas as suas sardas que ambos haviam puxado de sua mãe.

Bellamy se mantia para traz, dando espaço para Rey. Seu corpo fica mais leve em vê-la feliz, neste momento descobriu que nunca havia a visto verdadeiramente feliz.

— Você veio...nunca duvidei — Ele diz em meio as lágrimas.

— Eu vim...me desculpa demorar tanto...eu...

Eu fiquei andando em círculos...sempre pensando que fossem os terra-firmes. Mas por que nunca pensei em Mount Weather? Eles sempre foram os inimigos no buncker, eles nos destruíram e agora nos mantem preso como animais. Por que fiquei todo esse tempo andando em círculos? Quem colocou isso em minha cabeça? Marla...

Eu apenas te ajudei, Rey.

— Você está bem?

— Sim, estamos bem, eu estou bem. E você? Rey você não parece bem.

Não, eu não estou bem. Sinto isso em meu corpo. Algo me envenena dentro de mim.

Rey, você precisa de mim. Eu sou a parte que faz você continuar viva.

A porta é aberta subitamente e ambos pegam as suas pistolas e as apontam para quem entrasse.

Uma mulher de cabelos negros se assusta ao ver as armas em sua direção, logo Rey a reconhece. Como não poderia reconhecer? Um rosto tão importante em sua vida anteriormente e agora tão temido.

Oh, Marla você me enganou esse tempo todo. Ou eu me enganei esse tempo todo. O que aconteceu comigo nesses anos todos? Eu...eu estou finalmente vendo tudo.

— Bellamy, ela está conosco — Ela diz e abaixa a sua arma — Marla...eu pensei que estivesse morta.