Capítulo 3

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H E L E N A
🇧🇷


Parece que a vida queria mesmo me pregar uma peça. O cretino mais grosso e antipático que já conheci é tio de uma das melhores amigas do meu filho e eu não sabia. Meu Deus, que azar.

Noah me puxa pela mão e vamos nos aproximando devagar para a entrada do restaurante. Nossos olhares não se desviam em nenhum momento, parece até que está atravessando o meu corpo.

- Vocês já se conhecem? - Aubrey pergunta

- Não! - respondo, no mesmo momento em que ele disse "sim", com um sorrisinho sacana que tinha acabado de aparecer em seu rosto bem emoldurado. Droga! Foco na conversa Helena.

- Nos encontramos uma vez no parque, princesinha. - que diferença a forma de ele tratar a sobrinha e como me trata. Apesar que a pequena não tem nada haver com a raiva que sinto dele.

- Vamos checar a reserva, mãe? Estou quase caindo de fome, e eles ainda podem se sentar com a gente. Não é? - não quero acabar com a alegria dele, faz tempo que não o vejo sorrir assim.

- Claro que sim, filho. Podemos ir, pessoal? - o cara revira os olhos de uma forma quase discreta, mas não passa despercebido por mim. Ignoro sua falta de educação e me dirijo a recepcionista loirinha. - Boa tarde. Tenho uma reserva no nome de Helena Fernandes.

Ela mexe no iPad por alguns instantes, conferindo tudo, antes de se voltar para mim.

- Achei. Podem me acompanhar? -sai de trás do balcão polido.

- Será que pode ser uma mesa para quatro? - peço gentilmente.

- Claro, doutora, me sigam por favor. - nos conduz à nossa mesa, que fica bem no canto de uma janela, e entrega os cardápios. - Daqui a pouco o garçom vem atender vocês. Com licença.

Se instala um grande silêncio, a não ser pelas vozes infantis que conversam animadamente sobre o lançamento de um novo desenho animado. O garçom logo chega e anota nossos pedidos, saindo em seguida. O homem a minha frente parece tão desconfortável quanto eu, e não me dirige a palavra em nenhum momento.

Depois que a comida chega, almoçamos quietos, e as crianças não param de elogiar a todo momento, principalmente o Noah que adora a culinária japonesa. Depois que acabamos, os pequenos pedem para brincar no pequeno play ground reservado no espaço aos fundos do restaurante.

Ficamos sozinhos, e eu resolvo quebrar o silêncio:

- Não sabia que um insensível como você tinha uma sobrinha tão doce. -não consigo resistir, então cutuco a onça com a vara curta .

- Eu não sou assim. - ele se faz de besta.

- Ah, sério? Quem me insultou hoje no parque? Meu avô é que não foi. - fecho a cara.

- Gostei do seu senso de humor. - ele dá uma pequena risada. - Prazer, Peter Lynns. - estende a mão por cima da mesa, e como a boa educação fala mais alto, eu aperto.

- Helena Fernandes. - me apresento. - Bem melhor que a última vez. - sussurro, por fim.

- Concordo com você. Quero pedir desculpas por mais cedo, não tive uma das melhores noites. - explica.

- Eu também não tive, e nem por isso fui mal-educada com você. - ignoro suas desculpas.

- Ah, foi sim, quando não me pediu obrigado pela carona. Aliás, livrei você de um belo resfriado. - por que ele tem que ficar com esse sorrisinho cínico no rosto?

Por Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora