Capítulo 4

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P E T E R
🇺🇸

E

u sou um idiota mesmo, como fui falar uma coisa daquelas para uma mulher? Sei que fui grosso (tá legal, um babaca da pior espécie) mas estava tentando me desculpar hoje, só que não deu muito certo. E ainda por cima ganhei um tapa na cara para guardar de recordação.


E que tapa! Que por sinal foi bem merecido.
Conserto uma merda e faço outra mil vezes pior.

- Por que eles foram embora, tio? - tinha até esquecido da menina.

- Não sei, princesa, acho que tinham outro compromisso. - minto.

- A Helena parecia brava. - ela fala, tirando os cabelos do rosto.

- Impressão sua. - dou um sorrisinho amarelo pra disfarçar. - Podemos ir? O tio tem que trabalhar. - e tinha mesmo, daqui há 40 minutos.

- Você trabalha demais. - Abby comenta enquanto voltamos para o estacionamento do restaurante. Que ideia foi essa de deixar o carro lá?

- Mas eu preciso prender as pessoas que fazem mal para as outras. - pois é, eu sou policial há mais de dez anos.

- Se for assim, tudo bem.

Quando chegamos no carro, arrumo ela no banco traseiro e dirijo até a casa da minha irmã. Ela fala tanto no meu ouvido por passar da hora de levar a Abby que tenho que sair correndo de lá, literalmente.
No caminho de volta para casa fico pensando na merda que fiz horas antes, e agora tenho que consertar o quanto antes. Não sei por quê, mas sinto a necessidade de fazer isso.

***
Acabei de chegar na delegacia com um safado que estava foragido há dois anos. Pensou que ia escapar, mero engano dele. Idiota!

O levei direto para a sala de interrogatório e agora é com os outros policias. Eu ganhei um tiro de raspão no ombro e precisava cuidar logo dessa merda. Além da contribuição para salvar o mundo, você ainda é recompensado com um tiro, não que fosse o primeiro.

- O que aconteceu, cara? - Edward pergunta. Ele é meu melhor e único amigo, na delegacia e fora dela. - Outro tiro de raspão?

- Esse quase não pegou. - arranco a camisa.

- Claro, e esse corte aí é o quê então? - ele diz com um sorriso, e eu reviro os olhos.

- Cala a boca e pega umas coisas para passar aqui. - jogo um pano sujo de sangue nele.

- Não pede nem por favor, filho da puta, mal-educado. - abre o armário e segundos depois volta com algodão, álcool, algum remédio para infecção, pílulas, faixa e esparadrapo.

Aqui nós sempre ajudamos uns aos outros, mesmo quando não gostamos da pessoa (o que é o caso de alguns aqui). Somos desde policiais a médicos. Quando entramos aqui aprendemos a cuidar dos nossos próprios machucados, e eu já fazia isso muito bem já que sempre me meti em brigas na adolescência e tive que cuidar das feridas sozinho antes que meus pais descobrissem.

- Pronto, garanhão, não esquece de tomar o remédio que lhe dei. - Ed me lembra.

- Valeu. - por fim, agradeço.

Por Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora