Capítulo 38

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P E T E R
🇺🇸

Um dos sintomas mais comuns da ansiedade é o nervosismo.

Eu, Peter Lins, nunca me considerei uma pessoa ansiosa. A última vez em que tive um negócio mais ou menos parecido com isso foi quando eu estava esperando o resultado para saber se eu tinha entrado para a polícia. E nem estava como estou me sentindo agora.

Estou com dor de barriga desde que cheguei no meu apartamento. Não saio do banheiro há meia hora, mas dessa vez só estou na frente do espelho, checando como meu cabelo está.

Deixei o apartamentos da Helena hoje pela manhã, ela preferiu se arrumar sozinha porque disse que eu sou muito apressado. Mentira dela, eu sou a pessoa mais paciente do mundo, a mulher está perdendo uma das minhas grandes qualidades.

Já revisei minha roupa uma centena de vezes, olhei dentro do meu blazer para ver se a caixinha preta de veludo está lá dentro, no bolso interno.
Abro ela mais uma vez e dou uma olhada lá dentro, visualizando o anel de ouro branco com um diamante negro bem sutil, é rodeado por pedrinhas minúsculas e brilhantes.
Não vejo a hora de vê-la usando-o no seu anelar direito, e sorrindo do jeito que só ela consegue.

Combinei de encontrar a Helena daqui a meia hora, mas estou ansioso demais para esperar até lá. Pego a chave do carro, a carteira e saio apressado do apartamento.

                                 ***
— Ellie, ainda vai demorar muito? — grito.

Estou há mais de trinta e cinco minutos jogando vídeo-game com o Noah, na sala deles.
Quando cheguei a Helena ainda estava tomando banho, o que ela demora milênios pra fazer, nunca vi uma pessoa demorar tanto no banho. E na maioria das vezes ela só está arrumando o cabelo, o que provavelmente estava fazendo muitos minutos antes.

— Quase pronta, falta só o rímel! — grita de volta.

E o que diabos é rímel? Ela já me explicou uma vez, mas agora não lembro se é o palito com a ponta cabeluda que ela passa nos cílios, com uma pasta preta que faz eles ficarem maior do que são, ou se é o negócio que parece uma caneta, onde ela faz uma linha fina nas pálpebras.

— Na próxima vez, vamos esconder todas aquelas coisas que sua mãe passa na cara. — falo para o Noah, que está sentado ao meu lado.

— Você está reclamando dela mas também deve ter ficado um tempão na frente do espelho, arrumando seu cabelo.

— O quê?

— Seu cabelo, hoje está penteado como eu nunca vi antes. — ele diz.

Eu não gosto de pentear o cabelo, mas precisava fazer alguma coisa hoje. Além de ser Natal eu vou pedir a mulher da minha vida em casamento, não é todo dia que isso acontece.

— Claro que eu arrumo os cabelos, só não fica muito b... — começo a mentir, mas sou interrompido por um furacão vermelho.

Meu Deus, eu já falei como essa mulher fica bem vestida de vermelho?
Helena está usando um vestido que chega até os seus joelhos, mas, mesmo com esse frio, ela teve a coragem de colocar um com uma fenda curta, que chega até o começo da coxa direita. Os cabelos estão soltos, exceto a parte de cima, caindo em cachos perfeitos e bem definidos ao lado do rosto e nas costas. Um prendedor de pedrinhas está brilhando no topo da sua cabeça, onde poucas mechas do seu cabelo está preso no, seja lá qual for, penteado que ela fez.
Um par de botas, com um salto não muito alto, na cor preta, está nos seus pés e, para completar o espetáculo, Helena está usando a pulseira que eu te dei no dia em que te pedi em namoro.

Por Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora