P E T E R
🇺🇸— Fazia pouco mais de um ano que eu tinha entrado para a polícia quando conheci a Chloe. Ela fazia faculdade de moda. Uma mulher muito bonita tenho que que admitir. Irônico ou não, mas nós conhecemos no mesmo parque em que conheci você. — passo a mão pelos cabelos, agitado.
Helena escuta tudo sem me interromper, e não demonstra se ficou com raiva ou não pela breve "coincidência". Está passiva.
Continuo com a narração:
— Resumidamente, foi tudo muito rápido. Começamos a sair e estávamos curtindo bastante. Ela era uma companheira agradável, fácil de se relacionar. Por isso eu não perdi tempo, pedi que namorasse comigo, e ela aceitou.
Conheceu o Edward, meus pais já tinham morrido, então ela só conheceu a Jessie, o Mattie e a Aubrey, que ainda era bastante pequena. Tivemos diversos jantares em família, ela se dava bem com todos. A única coisa que não sabíamos era que ela tinha depressão, tomava remédios controlados e tudo. Nos relacionamos por uns dois anos, até ela começar a criar paranóias, coisas que não existiam. Achava que eu estava lhe traindo, porque logo quando comecei a exercer o cargo como policial, os turnos eram muito longos, até hoje são. Mas não adiantou conversar, ela dizia que eu não tinha mais tempo para ela, que lhe deixava sozinha... E grande parte era verdade, eu não conseguia organizar meu tempo entre um relacionamento e o meu trabalho, que Ed e eu sonhávamos há muito tempo. — meu coração bate acelerado. Toda vez que conto essa história fico do mesmo jeito.— Peter... — Ellie chama, me tirando dos devaneios. — Tem certeza que quer continuar?
— Eu preciso. Você tem que saber de tudo que aconteceu, não é justo, não quando você já me contou tudo sobre sua vida. — ela assente.
— Quer um pouco de água? — nego com a cabeça. — Desculpa, pode continuar.
Ela está mais nervosa que eu.
— Certo dia, Chloe chegou com uns papéis na minha casa e quando ela foi tomar banho eu peguei alguns deles para ler. Eram receitas de remédios que ela tinha comprado na farmácia antes ir pra lá, estavam todos dentro da bolsa. Fiquei em choque quando descobri. Tentei conversar, ofereci ajuda, mas não adiantou. Ela também começou a se cortar... Cortes horríveis. Nem os próprios pais sabiam o que fazer. Ela estava no último ano da faculdade e simplesmente parou de aparecer lá.
Eu decidi terminar tudo, por puro egoísmo, não queria ficar com uma doente. Me sinto mal por isso e acho que jamais vou ser capaz de me perdoar.Deixo que lágrimas desçam pelo meu rosto, pingando na minha mão. E depois prossigo.
— Eu lhe deixei, e ela surtou! Começou a ir no meu trabalho, me seguir para os lugares onde eu ia. Estava me enchendo o saco, então eu comecei a ficar com outras mulheres, sabendo que ela estava observando tudo.
— Você fez mesmo isso? — não tive coragem de olhar nos seus olhos quando assenti. — Peter, eu não sei o que dizer...
— Eu queria que ela me deixasse em paz, não sabia o que fazer! E por pura imaturidade, foi a única saída que encontrei.
— Sempre existe outro jeito. — eu sabia que ela iria ficar magoada.
— Eu sei que sim. E o pior... — suspiro, com novas lágrimas descendo. — Uma semana depois que comecei a fazer isso, recebi uma caixa pequena e uma carta, e a Chloe era o remetente de ambos. Dentro tinha um exame de sangue dela e um... sapatinho cor de rosa. Eu não sabia de quanto tempo de gestação ela estava, porque como era bem magra, sua barriga quase não aparecia. Seria fácil ocultar por um bom tempo... — balanço a cabeça para os lados. — Na carta dizia que eu fosse ao seu encontro, um endereço estranho, mas eu fui mesmo assim.

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Por Acaso
RomanceHelena Fernandes é uma advogada negra, batalhadora e que sempre lutou por tudo na vida. Tem um filho lindo e moram nos EUA por causa de toda sua carreira e para dar uma vida melhor a sua família. Peter Lins é um policial americano mais conhecido po...