Por Acaso

Capítulo 30

P E T E R
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Hoje é domingo, e estamos todos na casa do Mattie e da Jess. Quando digo todos, é porque literalmente vieram todos. Ellie, Noah, Cida, Ed, Sara, e até o namorado da Cida. Alfred é um senhor de meia idade, muito bacana e engraçado. Já conversou bastante com a gente e tomou algumas cervejas. O cara é uma lenda.

— Sério que você era detetive? — Ed ainda não acredita, mesmo o Alfred tendo falado mais de dez vezes.

— Pois é, meu jovem. Trabalhei por mais de trinta anos com isso, e dez deles foi de forma particular. — nosso novo amigo diz, e vira mais um gole da garrafinha de cerveja.

Eu não bebo muito, por isso me contentei em parar na terceira. Bebedeira nunca foi meu forte, mas confesso ter bebido um pouco além da conta quando era mais novo.
A Helena não bebe, mas também não tem nada contra. Isso é um dos motivos que prefiro não beber muito também, por respeito a ela, porque se fosse ao contrário, eu não gostaria de ter alguém com bafo ao meu lado. É nojento.

Almoçamos aqui hoje, e estamos aproveitando o pouco sol que decidiu sair para dar o "ar da graça". Isso não significa que não esteja um pouco frio.
Estamos sentados no deque da piscina; eu, Mattie, Ed e Alfred. As crianças estão brincando no jardim e nossas companheiras estão no aconchego da sala, falando sobre bebês. Mas especificamente sobre o bebê do Ed e da Sara. A mulher parece ter engolido uma bola gigante, e só está com cinco meses. Eu estou falando que ali tem duas crianças, mas meu amigo teima que é só um garoto "forte como o pai". Palavras dele, não minhas.

— Matthew, tem certeza que a última ultrassom estava certa? Tem só um menino ali? — mudo drasticamente de assunto.

— Pelo menos é o que diz a tela dos monitores. — meu cunhado responde, dando de ombros. — Ou é isso, ou vamos ter uma surpresa no dia do parto.

Alfred, Mattie e eu rimos. Edward faz uma cara assustada, como se só agora estivesse caindo a ficha de que pode ser gêmeos. Ia ser hilário. Jesus, eu ia rir tanto. Um é bom, dois é demais.

— Calma, homem, não precisa ficar assustado. Filhos são uma benção de Deus. — Alfred o tranquiliza, de uma forma sábia.

— É, cara. — concordo. — Se você já vai assumir um, por que não dois mini Ed's?

— Claro, o segundo eu mando pra sua casa. — ele zomba. — Vi o quanto você e a Ellie têm jeito com crianças.

— A Helena tem, eu não. — balanço a cabeça.

E ela tem mesmo. Nessa convivência que estamos tendo (mais frequente do que antes) vejo como ela trata o Noah. Sabe como dizer não na hora certa, e conversa com o moleque quando ele está errado, dando pequenos sermões quando preciso. Mas é sempre muito carinhosa e tem jeito com as palavras na hora de conversar com ele. Nunca vi um garoto tão apaixonado pela mãe. É muito admirável. Apesar de muitas vezes eles interagirem em português, e eu não entender nada do que estão dizendo. Mas parece bom e controlado. Ela é boa e controlada.

Não é atoa que também é uma ótima advogada. Essa semana ela encerrou dois casos difíceis que vinha compartilhando comigo (moderadamente, porque segundo ela, era melhor assim para não atrapalhar seu trabalho). A mulher venceu dois casos, e mais um que uma das advogadas do seu escritório também terminou. Helena trabalhou até no escritório do seu apartamento. Foi uma semana louca e agitada, mas agora as coisas finalmente ficaram tranquilas.