Capítulo 28

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P E T E R
🇺🇸

Sabe quando você está tão envolvido com uma pessoa que se esquece até dos feriados mais inúteis? Pois é, o Halloween já passou faz quase três semanas. Foi mais ou menos na semana do aniversário do Noah, e, como não comentaram nada por esses dias, provavelmente também não comemoram a data. Acho que no Brasil não deve ter esse tipo de coisa.
Nunca gostei nem um pouco do dia das bruxas, desde adolescente que acho a maior palhaçada. Confesso ter pedido doces até os meus dez anos de idade junto com o Ed, mas depois que uns moleques roubaram tudo que tínhamos, e ainda nos bateram, para mim perdeu a graça.
Provavelmente eu estava dormindo no feriado, e pensando na melhor forma de conversar com a Ellie.

Às vezes, sinto que o tempo está passando em um estalar de dedos.

Se passaram quatro dias desde que falei tudo para a ela. Estávamos indo melhor do que imaginei que fossemos ficar quando eu revelasse tudo.
Estamos intercalando entre ficar no meu apartamento ou no dela, até pedi que trouxesse algumas peças de roupa para não precisar trazer toda vez que vir pra cá, mas ela acha muito cedo. Não estou pedindo que se mude assim com tudo precipitado, mas facilitaria muito se tivesse coisas dela aqui em casa. Por isso, depois de insistir um bocado, ela deixou umas poucas mudas de roupa aqui. Finalmente!

Acabei de voltar do seu apartamento, depois de passar grande parte do meu tempo assistindo a uma série; friends. Ela e o moleque parecem gostar bastante daquele negócio, porque mal conversamos durante os episódio. Eu só comi pipoca e pensei muito.
Conheci essa mulher (por acaso) no parque, e de repente já estava levando ela no "penhasco da amargura", como o batizei.

Depois que a Chloe se suicidou, eu fiquei desolado por muito tempo, e, quase um mês depois do ocorrido, achei ele quando decidi fazer uma longa e exaustiva caminhada. O propósito disso era colocar a cabeça no lugar, e até acho que funcionou um pouco, porque depois de passar horas sentado naquele lugar, consegui retomar a minha vida normal. O único pensamento que não me escapou é o de que eu sempre seria um monstro.

Mas a Helena Fernandes chegou na minha vida, tão arrebatadora, e me fez ter um pensamento diferente.
Sei que não sou nenhum santo, não fiquei com a Chloe quando ela precisou, mas tentei impedir e implorei para que não fizesse aquilo... Só que ela parecia estar tão determinada, que não pensou duas vezes antes de pular, me deixando gritar feito um louco para o nada. Só o eco se fazia presente, e continuei a escutá-lo por dias e mais dias, até não existir mais nada além do silêncio.

Nunca estamos preparados para o que a vida tem a nos proporcionar. Tudo acontece no tempo certo, e tenho certeza de que valeu esperar para que Helena aparecesse para colocar alguma cor no meu mundo, que por muito tempo viveu no preto e branco.

                                  ***
Peter, você vem passar o natal aqui em casa, né? — Jessie choraminga do outro lado da linha. Eu tinha pensado mesmo em passar lá, como em todos os anos, mas agora tem a Ellie e... — Traz a Helena e os seus amigos também, eu gosto de cozinhar pra bastante gente, vai ser bom ter a casa cheia.

Já falei que amo a minha irmã, mesmo ela sendo irritante, às vezes? Sempre quando eu penso em alguma coisa, ela já pensou exatamente igual a mim. Vai ser bom mesmo ter a casa cheia, geralmente somos só eu, a família dela e o Ed. Os pais do Mattie vieram poucas vezes, mas sempre viajam no final de ano.

— Eu vou conversar com ela. — prometo. — E, relaxa aí, ainda temos algum tempo.

Melhor avisar com antecedência, assim vocês não marcam compromisso com ninguém.

Por Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora