Capítulo 16

3.4K 384 34
                                    

P E T E R
🇺🇸

- Volte aqui, filho da puta! - grito a plenos pulmões.

Corro em meio a multidão, empurrando todo mundo. Não por mal, é claro. Algumas pessoas saem da frente assustadas e outras senhoras gritam.
O bandido dobra a esquina comigo no seu encalço. Vejo quando ele joga a mochila lotada com o dinheiro por cima do muro e pula em seguida. Aproveito sua distração e saco a arma, atirando acima do seu joelho esquerdo, fazendo com que ele caia como uma fruta podre.

- Mãos na cabeça. - falo, ainda apontando a arma. A única resposta que tenho é um gemido.

O sujeito não mostra resistência, então não tenho tanto trabalho para algemá-lo. A viatura para na entrada da rua, e eu avisto Josh dentro. O comparsa do rapaz está sentado no fundo, com as mãos para trás.

Pego a mochila no chão e agarro o bandido pelas algemas, caminhando até o carro.
Ed está de folga hoje, então meu companheiro dessa manhã é a pessoa que ele mais odeia no mundo. Josh. Ainda não entendi a intriga desses dois, mas prefiro ficar de fora dessa. O cara não é tão babaca quanto ele pensa. Depois de uns minutinhos de conversa você logo descobre.

- Atirou na perna do cara, Peter? Você é mau, cara. - Josh zomba.

Enfio o bandido no fundo da viatura junto com a sua dupla e entro logo depois, no banco do carona.

- Ele parecia um pouco cansado da vida, minha única intenção é ajudar. - dou de ombros. - Agora ele terá bastante tempo.

Josh solta uma risada estrondosa e saí com o carro cantando pneu.

***
Largamos o sujeito na sala do delegado. O velho nem ligou para o estado dele, e só deixou que o levassem para o hospital depois de três horas trancafiado dentro da sela provisória. Rogers é mesmo um osso duro de roer.

Combinei de almoçar com Helena hoje. Não a vejo faz o quê, dois dias?Mas parece ser uma eternidade.
Ela voltou a trabalhar, e eu não consegui ficar parado dentro de casa, precisava voltar a minha rotina normal.
Saímos algumas vezes juntos e nos divertimos pra caramba. Só que eu sentia que precisava voltar ao meu trabalho de novo, isso faz parte de mim e do que eu sou. Não consigo ficar tanto tempo parado.

Ed anda meio esquisito esses dias e não quis me dizer nada, mesmo depois de eu ameaçar quebrar todos os seus pratos. Não está com seu humor habitual e por mais que eu deteste admitir... estou ficando preocupado.

Quando eu te ligo, sua voz soa fria do outro lado da linha ou deixa o celular tocar até cair na caixa postal.

Olho o relógio e vejo que já é quase 13:00 da tarde. Acho melhor eu ir se quiser chegar a tempo de almoçar com Helena.

***
Ocorreu tudo bem durante o rango. Conheci uma amiga loirinha sua, é brasileira também. A garota é até legal, boa de papo e extrovertida. Gostei dela e, talvez, o Ed goste mais ainda.

Estou voltando para o trabalho e decido ligar para o cara. Disco seu número, que chama quatro vezes antes dele atender com a voz toda enrolada.

- E aí, irmão? - grita tão alto que preciso afastar o telefone da orelha.

- Oi, cara. Bebendo durante a semana? - Ele não costuma fazer isso.

- D-deixa de ser bundão! Hoje é minha folga, esqueceu? - gagueja. Posso ouvir algumas vozes no fundo e o som um pouco alto.

- Vá para casa, Ed.

- Não consigo nem levantar... - gargalha.

- Onde você está, Edward? - pergunto, nervoso.

Por Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora