Capítulo 12

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P E T E R
🇺🇸

Quente.
Muito quente.
Um barulhinho irritante está mexendo com minha cabeça, algum celular está tocando descontroladamente em cima do criado-mudo. Não quero abrir os olhos, estou aconchegado em cima de plumas macias e com cheirinho de morango, que estão acariciando meu peito nu e o pescoço. Não sabia que o cabelo da Helena era tão macio... Helena!

Abro os olhos e encontro um corpo cor de chocolate enroscado no meu, em total contraste com a pouca luz de sol que entra pela janela de vidro. Me afasto um pouco do seu corpo, ela se mexe mas não acorda. Ótimo! Assim eu tenho tempo de comprar o café da manhã antes que ela acorde. Nessa merda de casa não tem nada, isso só lembra que preciso fazer compras.
Essa noite não tive pesadelos. Por mais louco que isso seja, nunca aconteceu antes. O celular que estava tocando incansavelmente não era o meu, e sim o da Helena. Será que eu atendo? Acho melhor não, ela não escutou porque deve está muito exausta depois de ontem. Seria uma puta falta de educação bisbilhotar as coisas dos outros sem permissão, ela pode ver isso quando acordar.

Quando enfim consigo sair da cama, vou no banheiro escovar os dentes e tomar um banho. Uso outro para não fazer barulho no quarto. Saio enrolado na toalha e lembro que as roupas estão na secadora, todas amarrotadas, não me importo e pego o que me vem primeiro; uma camisa branca e jeans preto. Calço tênis, pego as chaves do carro e saio para comprar comida. Antes deixo um bilhete dizendo para onde fui e que não demoro, caso ela acorde e não me encontre pela casa.

***
O que mulher gosta de comer no café da manhã? Pão, croissant, iogurte?
Estou na seção daquelas comidinhas cheia de frescuras e não sei o que pegar. Aproveitei que já estou aqui e peguei logo tudo que precisava para me manter por um bom tempo. Eu nunca venho comprar nada e não estou gostando da experiência, só peguei porque se durar mais um dia vou morrer de fome.

Enquanto passo as coisas no caixa com uma mulher mais lerda que eu lendo, meu celular toca. Jessie. O que ela quer uma hora dessas?

Atendo irritado:

- Que foi, Jessie?

- Peter, você está com a Helena? - pergunta, atropelando as palavras.

- Não nesse momento. Por quê? -digito a senha do cartão de crédito na máquina.

- O filho dela está no hospital. Vocês não escutaram o celular tocar? Você precisa avisar a ela, mas não é nada grave, parece que ele só quebrou a perna...

Então foi por isso que o celular tocou tanto. Que merda!

- Como assim isso não é grave, porra? Onde ele está? Você está com ele? - corro cheio de sacolas para o carro.

- Estamos no hospital infantil aqui do Centro. Tem uma senhora com a gente e a coitada está muito aflita, traz ela logo.

- Estamos chegando. - desligo, e piso no acelerador.

***
Chego em casa e o que vejo é uma mulher desesperada e com todos os cabelos para cima. Se a situação não fosse ruim, eu com certeza estaria rindo.
Deposito as sacolas na bancada da cozinha e vou até onde ela está.

- Calma, Helena. A Jess está lá com ele e não foi nada grave, vamos pegar uma roupa para você primeiro.

- Eu quero ver meu filho. - seus olhos estão vermelhos.

Abraço seu corpo pelo meio e deixo que chore no meu peito. Me sinto culpado, se tivesse levado ela para casa quando pediu talvez não estaria acontecendo nada disso.
Levo ela no quarto e lhe entrego um moletom para vestir. Helena arruma o cabelo mais rápido do que pode e praticamente implora para que eu a leve no hospital. Não quis comer nada, mesmo depois de eu insistir tanto.

Por Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora