V - Eu sei quem você é

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Sun:

"Há muitos e muitos anos, em um reino quase inabitável na galáxia, vivia Profect e Mael. Um casal de deuses extremamente poderosos e temidos.

Grávida, Profect passava seus últimos dias de gestação conversando com sua bebê e descansando, enquanto Mael se envolvia com Hectéria, uma maga cruel que esperava em seu ventre o fruto dessa traição.

Semanas após, Hectéria deu a luz a um garotinho adorável e Profect a uma menina encantadora e iluminada.

Mael muito feliz com sua nova etapa, decidiu terminar a relação com Hectéria e rejeitar o filho que ele não chegou a ter afeto, despertando assim a fúria da maior maga que aquele reino já havia visto.

Em uma noite quando todos dormiam, Hectéria decidiu invadir a casa de sua rival e sequestrar a bebê na intenção de fazê-la mal.

Desesperada e sem saber o que fazer para que a amante de seu marido não machucasse seu bem mais precioso, Profect propôs uma troca a maga que não pensou duas vezes antes de aceitar.

Então assim Profect fez o seu último sacrifício: deu a vida para que sua filha fosse salva.

Arrependido, Mael recorreu às estrelas que decidiram banir Hectéria para o buraco negro e depositaram em seu próprio filho a missão de ser a chave da prisão de sua perigosa mãe.

Assim nasceu a marca, o selo que de 40 em 40 milênios tem que ser restaurado para que a maior ameaça dos reinos não consiga se libertar do seu tormento eterno."

— Tá! Mas onde eu entro nisso? — pergunto a Stel que caminhava de um lado para o outro concentrada na história que acabou de me contar.

— Ainda não entendeu? Você é a chave, Sun.

— Impossível, a minha mãe morreu diante dos meus olhos e minha Kodashi não entra nessa história — falo observando minha garota dormindo igual um anjo — Ela vai ficar tão confusa — acaricio a marca em seu pescoço e suspiro pesarosamente só de imaginar sua reação.

— É por isso que pulamos anos-luz para a profecia, vocês devem se amar e ficarem juntos. Caso contrário, você morre definhando e Hectéria fica livre — isso realmente seria terrível, não posso permitir que aconteça — Não sabemos o objetivo das trevas, eles tiraram a deusa de nós há muitos séculos.

— Temos tempo? — pergunto temendo a resposta.

— Muito pouco.

Frustrado, saio do quarto com a mente fervilhando. A garota que graças a sua amiga Sammy descobri se chamar Selena, é de fato a minha prometida. Mas, ao que parece não vai ser nada fácil fazer ela me aceitar.

Passei séculos da minha existência ouvindo dos meus pais que esse seria um momento mágico, único, um marco na minha existência. Será que eles estariam felizes ou decepcionados comigo agora?

Um marco com certeza está sendo, a mulher que amo me odeia.

O que não entendo foi a reação da Selena ao receber a marca, se sou eu quem vou definhar até a morte com a recusa dela, deveria ser eu deitado no leito desse hospital agora.

Tem algo muito errado, posso sentir no calor da minha pele que esquenta cada vez que me aproximo dela.

Sammy, até onde sei é amiga de Selena. Stel não contou muitos detalhes sobre ela, pois segundo a mesma, Selena cativa muitas pessoas devido ao brilho que recebeu quando nasceu.

Todavia, minha intuição aponta toda sua desconfiança nessa garota, seria ela uma sombra? Me aproximo dela intencionalmente sabendo que ela vai me pedir informações, afinal fui eu quem trouxe a amiga dela para esse hospital depois do desmaio na faculdade.

— Oi — Sammy sorri tensa, algo nela me incomoda muito — A Sel já acordou?

— Se eu fosse você iria para a casa, ela não vai acordar hoje — falo a olhando sério, parece loucura, mas o cheiro dela é muito familiar.

— Estou bem aqui, não tem nada em casa mesmo — responde com o olhar vago, olhar que esconde muitas coisas por trás.

— Conhece a Selena há muito tempo?

— Desde os meus 12 anos, fui a primeira pessoa que fez amizade com ela quando ela chegou com sua família há uns anos atrás — seria essa sua primeira verdade?

— E a sua família?

— Eu não — hesitou em falar, julgo que encontrei o ponto fraco — O que quer aqui?

— Nada, apenas fiquei preocupado, já estou indo embora — decido não render muito para não causar desconfiança, não posso dar espaço até saber mais sobre as amizades da minha prometida.

Me afasto prestes a sair, mas Sammy é mais rápida e segura o meu braço causando um forte formigamento no local.

— Eu sei quem você é — sua voz agora baixa e calculada me fez ficar atento — Príncipe de Lumaris.

Astros: Lua MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora