XLIV - Reunião majestosa

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Sammy:

— Eu estou bem, droga — resmungo sentando no chão, os meus pulmões estavam quase saindo para fora.

— Você acabou de ter falta de ar, bem não está — Apolo fala sentando ao meu lado e logo começa a medir minha temperatura.

— Estaria se você me deixasse em paz, não suporto mais o som da sua voz — dou tapas na mão dele o afastando de perto de mim.

— Uma pena que temos um discurso todo pronto para ser falado hoje.

— Ainda bem que estou morrendo — começo a tossir e a ter a tão rotineira sensação de quase cuspir os pulmões a qualquer momento.

Apolo está chato, insuportável, um velho rabugento que vive pegando no meu pé e se achando médico.

Eu estou sendo obrigada a beber várias coisas estranhas que ele me dá e só bebo porque elas me ajudam temporariamente a ficar bem. Não é pelas chantagens emocionais que ele faz.

Estamos precisamente em Bilz com Elora e algumas estrelas que não se rebelaram, conseguimos nos comunicar com os seres que estavam causando discórdia em seus reinos por causa da minha mãe e marcamos um discurso aqui em duas horas.

Tempo o suficiente para eu conseguir recuperar o fôlego eu espero.

— Levante, assim não temos nenhuma credibilidade — começou.

— Estou te mantendo sentado? — falo de saco cheio dele me controlando — Por que aceitei isso? Só pode ser karma.

Ártemis só nos olhava rindo, ela tinha me avisado que passar tempo demais com Apolo iria me enlouquecer e eu não dei ouvidos, estou pagando agora.

A única vantagem é que ele sabe todas as fases da minha transformação e tem tudo o que é necessário para que eu não sofra tanto.

Por que tudo tem que ser lento e doloroso? A vida podia ser rosas, eu sem dúvidas não reclamaria.

O tempo ia passando lentamente. Então enquanto eu me recuperava, pedi a Apolo que colocasse um púlpito no centro do reino para que pudéssemos falar nos certificando que todos iriam manter o foco em nós e assim nos escutariam melhor.

Todos já estavam presentes, Apolo estava posicionado ao meu lado falando o discurso que ele tinha feito a um tempo atrás quando planejamos essa reunião.

Ainda não tinha chegado o momento de eu me pronunciar, mas cada frase que era falada um dos seres presentes questionava cheio de incredulidade e isso levava os outros a ficarem questionando também.

Me sentindo mal e cheia de dores eu não estava raciocinando muito bem. Só sei que ver todos indo contra a coisa mais óbvia que é ficarmos unidos para uma convivência melhor, está me dando nos nervos.

— Chega — bato forte a mão no púlpito e todos me olham perplexos — O que vocês ganham sendo rebeldes e indo contra o papel de cada um de vocês? Somos seres de galáxias, não somos humanos, se rebelarem não vai trazer benefícios. Ou vocês ganharam alguma coisa até agora?

Era para ser uma reunião tranquila sem estresse e/ou exaltações, contudo eu estou exausta.

Quero voltar para a minha casa, quero ter minha transformação completa, quero e preciso ver a minha amiga que já deve estar pensando que ninguém aqui liga para ela.

Ah se ela estivesse aqui, talvez seria mais fácil.

— Estrelas são e sempre vão ser estrelas, nasceram e vão morrer apenas para seguirem seus objetivos.

Olho para Elora e ela estava me incentivando a continuar. Todos estavam prestando atenção, será que até aqui as coisas só se resolvem no grito?

— Cometas, nebulosas, asteroides, meteoroides, quasares, etc. Tudo a mesma coisa, ninguém aqui vai se transformar em algo magnífico e mudar o destino de todo o mundo, se liguem. Fomos criados para sermos o que somos e isso não inclui ser facilmente alienados, parem de loucura.

— Sammy — não sei quem me chama, mas nesse momento eu não vou parar. Não sem antes colocar tudo para fora.

— A minha mãe é louca, ela mentiu para todos e me jogou na Terra alegando que eu era um pedaço de galáxia e por isso não era aceita. Vivi muito tempo com os humanos e eles tem profissão até para nos admirar e fazer estudos e pesquisas sobre nós, cada um de nós aqui é algo magnífico e incompreendido para eles.

— Sammy.

— Por favor, só parem de querer ir contra a natureza de vocês. Temos galáxias separadas para que seja preservada a individualidade de cada um de nós, mas mesmo assim ainda somos unidos. Esqueçam tudo o que a minha mãe falou, ela era uma ótima manipuladora só que agora ela já se foi.

Caio de joelhos no chão e sinto uma mão na minha cabeça, essa energia é muito conhecida por mim.

— Sine dolore est — ela sussurra e eu sinto todo o meu corpo se renovando, era como se eu nunca tivesse sentido dor nenhuma.

— Lunar — me levanto saltando em seu abraço, sentindo lágrimas escorrendo involuntariamente dos meus olhos.

Noto que todos estavam murmurando entre si, surpresos e focados em alguma coisa, me viro e fico exatamente igual a eles, em choque.

Não só o príncipe Sol estava aqui, como também Mayn, a autoridade cujas estrelas obedeciam cegamente e que todos pensavam estar morta.

— Como? Digo, os mortos estão a ressuscitar? — Nail, um quasar, pergunta o que todos nós queríamos saber.

— É uma digna observação, porém eu não estava morta — Mayn fala toda majestosa, ninguém ousava questionar.

— Nem sei o que dizer com vocês aqui, estou tão surpresa quanto eles — abraço o príncipe que estava um pouco esquisito.

— Entendo a sua euforia e estranheza, contudo esses não são seus amigos — hein? Não estou entendendo mais nada.

Lunar se junta a Sun que abraça a cintura dela sorrindo, pode parecer loucura mas aquela não é mesmo a minha amiga.

O olhar dela, o jeito, as expressões, até o abraço, tudo está diferente. Somente a energia era poderosa o suficiente para serem confundidas.

— Espero que tenham absorvido todas as sábias palavras da nossa preciosa nebulosa e eu não precise ter que repetir tudo o que aqui foi falado — Mayn estava um pouco mais rude.

Fiquei feliz quando todos concordaram com ela, pelo menos o meu surto não foi em vão.

— Ótimo, pois dois membros da realeza, nossos tão antigos e queridos amigos que perderam a vida tragicamente em uma cruel chacina, vieram nos presentear com o que será o futuro de uma nação e a salvação de todos nós.

Lunar e Sun dão um passo a frente de mãos dadas e eu fico sem acreditar.

— Presente aqui temos o rei e a rainha de Lumaris, Dale e Nehal.

Astros: Lua MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora