Astros: Lua Minguante

XXIV - Encurralados

Sammy:

Acredito que todos conhecem a titanomaquia, a guerra entre os titãs contra os deuses do Olimpo que durou dez anos.

Tentando resumir, tudo começa com Zeus, o deus do céu, trovões, raios, realeza, honra e justiça. Pai dos gêmeos Apolo e Ártemis. O pai dele, Cronos, tinha sérios problemas mentais e engolia os filhos acreditando que quando maiores algum poderia acabar destronando ele.

Réia, mãe de Zeus, já estava saturada de ver seus filhos servindo de refeição e decidiu enganar Cronos, ela deu pedras para ele engolir ao invés do filho mais novo, Zeus. Esse que foi criado longe e quando cresceu decidiu ir atrás do pai, ele fez Cronos beber uma bebida mágica onde ele acabou vomitando os outros filhos que já havia comido, todos já estavam adultos.

O que quero ressaltar é, Zeus liderou a guerra contra o pai e os titãs, durou anos, mas os deuses venceram. Os titãs foram banidos para o tártaro, exceto alguns. E Cronos foi aprisionado no submundo.

Também não é segredo que Zeus teve uma quantidade absurda de filhos e não eram todos de sua esposa. Inclusive, os gêmeos são frutos de uma relação extraconjugal.

Não foi um azar ou algo das sombras. Os titãs vieram atrás dos filhos de seu maior inimigo. Ártemis, deusa do parto, da virgindade, dos animais selvagens, das crianças, da caça, da lua e da magia. E Apolo, deus da música, das profecias, do arco e flecha, das pragas, do sol e da medicina.

— Desgraçados, sentiram nosso cheiro.

Apolo fala alterado, já preparando seu arco e flecha dourado prestes a sair da casa com Ártemis que também estava com seu arco e flecha prateado nas mãos.

— O que pensam que vão fazer? — já estava com meus nervos a flor da pele. Me sentindo no limite, tudo o que menos precisava era de uma luta com titãs hoje.

— Atacar, não é óbvio? Eles vão destruir essa casa em dois segundos, proteja o humano e o cachorro.

— Estão malucos? Aqui é a Terra, mundo dos humanos, não podem começar uma luta para todos os vizinhos verem — Rey fica do meu lado, fazendo os gêmeos pensarem.

— O que sugerem que a gente faça? Eles não vão nos deixar em paz.

Penso por alguns instantes, não podemos lutar, estamos com um humano no nosso meio, só tinha uma solução.

— Apparaitre apparebis.

Me teleporto para a casa de Stel e conjuro um feitiço abrindo um portal para que Rey, Doug, Apolo e Ártemis pudessem passar. Foi o local mais distante que consegui pensar, sem contar que também é protegido.

— Essa é a casa de Stel, logo vocês vão conhecê-la — falo me sentindo um pouco mal por praticamente ter invadido a propriedade dela assim.

— Vamos ao que interessa — Ártemis prende seu longo cabelo castanho-avermelhado em um rabo de cavalo, e começa a nos dar ordens —  Apolo, faça proteções na casa e nos arredores da floresta, eu vou ver o melhor feitiço para nos disfarçar dos titãs. Sammy, veja se a casa está realmente segura e você humano, dê comida para o cachorro e depois vá descansar.

Fui em cada cômodo conferindo e como o esperado, tudo estava muito bem protegido.

Stel sempre foi cuidadosa com sua casa, ela viveu anos na Terra e nunca foi atacada nem por um mosquito. Estrelas são extremamente poderosas, a energia da magia delas é muito forte.

Rey pergunta onde pode descansar, levo ele até um dos quartos e vejo algumas coisas de Sun, perfeitamente arrumadas. Isso me deixa em alerta, Lunar não citou o príncipe em sua mensagem, onde estaria ele?

— A casa não é minha, mas pode ficar a vontade. Eu vou sair, preciso ver alguém.

— Cuidado, menina — Rey fala antes de eu me despedir.

Até onde me lembro, Sun não gosta nenhum pouco de ficar andando por aí. E só haviam três lugares em que ele poderia estar, a casa de Lunar, aqui e o apartamento em que Elora está. Que é para onde eu vou agora.

— Onde você vai? — Apolo pergunta assim que me preparo para teleportar.

— Você conhece o Sun, não é? O príncipe de Lumaris. Vou atrás dele.

— O sol, é claro. Sou fortemente ligado a ele, mas ele não está na Terra e nem em nenhum lugar que passamos.

— O que está acontecendo com esses dois — entro de volta na casa, estressada prestes a arrancar o pescoço do primeiro que aparecer na minha frente.

Pode parecer exagero, mas não é. Estou exausta, meu corpo está destruído, preciso de descanso e tudo o que recebo é mais problemas.

Lunar foi sozinha atrás das sombras. Stel está virando ferro antes do seu tempo limite de vida. Agora, o Sun não está em lugar nenhum.

Eu sou só um pedaço de galáxia, um erro cósmico, mal tenho poderes. Minha magia é muito limitada e mesmo assim sobrou para mim ter que controlar tudo e manter o equilíbrio.

— Não fica assim — Apolo me surpreende com outro lado que nunca imaginei ver nele — Podemos entrar em contato com ele.

— Eu não consigo, não sou poderosa o suficiente — falo frustrada.

— Esqueceu que tem dois deuses do seu lado? Venha, vamos localizá-lo.

Fomos atrás de Ártemis para ela nos ajudar a localizar Sun, mas não foi possível, tudo o que ela conseguiu ver foram borrões e mais nada. Isso me deixou preocupada, onde ele poderia estar? Não faz sentido ele desaparecer desse jeito, ainda mais sabendo que está ficando sem tempo para conquistar a Lunar.

— Consegui ver um nome — Ártemis fala de olhos fechados com as mãos em cima de uma blusa do príncipe — Isaac.

— Conhece? — Apolo pergunta.

Assinto com a cabeça e ia falar, mas fui interrompida por gritos do lado de fora.

— Isaac — é impressão minha ou sinto escárnio na voz de Ártemis? — Trouxe ele? É óbvio que trouxe — ela fala brava com Apolo.

— Não enche, o garoto está aqui e sabe do príncipe.

Deixo os gêmeos discutindo e vou atrás de Isaac, no momento eu só quero saber do sumiço do Sun.

— Ele só deixou isso — nem falo nada e Isaac me estende uma carta.

Começo a ler não entendendo quase nada, certeza que não foi o Sun quem escreveu isso. Provavelmente foi Elora.

— Tô saindo daqui — Isaac tenta fugir assim que vê os gêmeos vindo até nós, mas eu o seguro pelo braço.

— Você não vai a lugar nenhum, como assim o príncipe e Elora estão encurralados?