Astros: Lua Minguante

XXXVIII - Oportunidades

Sun:

Acordei em Lumaris.

Mais um dia normal como príncipe. Terei que levantar, tomar um chá e depois resolver uma papelada de negociações.

Que saudade do rei Dale, ele sim sabia administrar o reino perfeitamente bem, mesmo tendo falhado como pai.

- Hum - alguém resmunga do meu lado se virando na cama - Bom dia - quase dei um salto de tanto susto ao ver esses olhos me encarando.

- Lunar? O que está fazendo aqui? Digo, você...

- Estou com sono, essa barriga esquenta muito a noite e eu quase não durmo - ela passa a mão na barriga volumosa, ignorando completamente a minha confusão.

- Você está grávida? Como?

- Ora, como eu ia engravidar, Sun? Eu avisei para cuidar só que você estava todo animadinho. Resultado aqui, estou uma bola - nem consigo acreditar, minha deusa está belíssima - Ficamos de ir ver os bercinhos hoje, Mayn está fazendo suspense desde quando descobrimos que vamos ter gêmeos.

- Gêmeos? - minha surpresa é mais do que evidente.

- Foram os deuses, só eles sabem a chatice que era ter Sammy e Ártemis brigando para ver quem seria a madrinha do bebê, me deixavam louca - ela falava sem parar enquanto eu a olhava estático - Aconteceu alguma coisa, amor?

Amor? Ok, isso foi o suficiente para me fazer sair da cama.

Eram muitas informações de uma vez só. A Lunar deitada comigo, grávida e me chamando de amor? Eu só posso ter morrido e isso ser um sonho.

Entro no banheiro confuso, lavo o rosto e me olho no espelho alguns minutos até escutar batidas na porta.

- Filho.

Estou ficando louco.

- Mamãe?

- Falei para você não se atrasar, seu pai já está com pressa, afinal não é todo dia que o nosso garotinho faz 13 anos - isso é definitivamente um sonho.

Eu me lembro bem do aniversário mais frustrante que tive, meus 13 anos, quando implorei ao meu pai para que passasse a manhã comigo já que a tarde ele estaria ocupado.

Ele prometeu.

Acordei bem cedo e ele já tinha ido para os seus compromissos, só voltou a noite quando eu fingi que estava dormindo.

Agora eu estou novamente com treze anos, minha mãe segurou minha mão e juntos fomos para fora do castelo.

- Olha ele aí - meu pai me abraça de um jeito que eu nem me lembrava mais como era - Nem acredito que está crescendo tão rápido, papai te ama demais.

- Obrigado - não sabia como reagir.

- Pronto? - seu sorriso iluminava tudo ao redor, parece realmente que ele está ansioso por isso - Vamos fazer hoje um dos melhores aniversários da sua vida.

Meu pai segura minha mão e eu sei que ele vai nos teleportar para algum lugar, ele até pede para eu fechar os olhos pois é surpresa.

Mas surpresa mesmo eu tive quando abri os olhos.

- Cadê a água fervendo, Sun?

- Sammy? - nem tive tempo para ficar confuso já que escutei um grito bem conhecido - Lunar.

- Não senhor, sua mulher pediu para que você não a visse toda suada e horrorosa, então quando eles nascerem você entra - meus filhos vão nascer? Mas meu aniversário... - Agora ferve essa água.

Pego a vasilha e fervo a água instantaneamente com as mãos, ainda escutava os gritos da minha deusa só que não me deixaram entrar.

Me sentei apreensivo e quando fui ver estava comendo bolo com o meu pai.

- Nunca comi tanto chocolate na minha vida.

A barriga do meu pai estava estufada, não muito diferente da minha.

- Estava bom - dou um sorriso olhando as horas e vendo que já tinha dado 11h45min.

- Ainda não acabou, só vamos voltar para a casa a noite, hoje o dia é todo seu. Pegue aquela cesta por favor filho, tenho algo para te dar.

Me abaixei para pegar a cesta e quando levantei e vi onde estava não fiquei surpreso.

Minha deusa estava ali deitada com um embrulho branco nos braços, o bebê sugava o seio dela com muita ânsia e ela o olhava sorrindo.

- Vem cá - Lunar sussurra e eu me aproximo - Oi papai - o meu filho é tão perfeito.

- Cadê o outro bebê?

- Olha ela aqui - Ártemis entra com minha filha no colo - Eles tem que ficar separados já que ainda não se sabe o que essa lindinha pode fazer.

- Pega ela amor, eu estou muito fria, a esquente por favor.

Se isso for um sonho eu não quero acordar nunca mais.

Peguei minha filha nos braços, mas não tive a sensação de como era a carregar já que no mesmo instante eu voltei a estar com o meu pai.

- Sua mãe não sabe, mas eu coloquei o dobro de macarons.

Estávamos comendo macaron de morango, porém o que me chamou a atenção foi o relógio do meu pai que não saia de 12h.

- O que houve com o seu relógio, pai?

- Estou voltando as horas, ser rei as vezes é um pouco chato, se eu pudesse paralisar o tempo e poder viver momentos só com você e sua mãe.

- Eu quero muito que o tempo pare para sempre e possamos ficar assim papai.

Desejo com todo meu coração e me vejo no quarto de Lunar, as coisas estavam diferentes.

- O que aconteceu aqui?

O berço dos meus filhos estavam repletos de sangue, nem quis me aproximar para não ter que ver essa cena.

- Sentimos muito, não conseguimos evitar - Sammy chorava.

- Cadê minha mulher?

- Ela se foi.

Essa voz não me é estranha.

- Ela se foi príncipe, você parou o tempo com o seu pai. Preferiu o passado do que o futuro com ela, ficará aqui revivendo o seu aniversário todos os dias, não passaste na missão.

- Eu desejei não acordar nunca mais daquele sonho, não pode fazer isso comigo.

É a Pandora, eu deveria ter desconfiado.

- Por que com sua amada seria um sonho e com o seu pai não? Por que com ela foi um desejo vago em pensamento e com o seu pai um pedido ardente em voz alta?

- Não foi nada disso - desespero agora é tudo o que eu sentia - Você trapaceou, não falou que isso era a missão. Eu não posso ter falhado, não posso escolher entre a mulher que amo e o meu pai.

- Passado e futuro, todos sempre preferem ficar no passado, sempre escolhem o que já foi e não o que virá - ela está um pouco alterada - Infelizmente você me decepcionou, tenho que ir.

- Não, por favor, eu imploro. Me dá mais uma chance.

- Vamos fazer diferente - começo a adormecer - Você tem uma única oportunidade, mas não saberá de nada. Vamos ver como se sai dessa vez.