XXVIII - Cinquenta e um contra sete

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Sammy:

Exatas meia noite quando decidimos sair de casa.

Eu, Ártemis, Apolo e até mesmo o Isaac; todos com suas mochilas de itens necessários para a sobrevivência na selva.

Tá, talvez não seja para tanto.

— A separação é a seguinte, eu e Sammy, Isaac e Ártemis — Apolo fala com um mapa mágico nas mãos — Nós vamos para o Norte e vocês para o Sul.

— Não mesmo, com ele eu não vou nem para o outro lado da rua — Ártemis faz birra, o que fica bem estranho vindo dela.

— Su-pe-ra — Isaac fala batendo palmas separando as sílabas, esse é o jeito que ele está falando com Ártemis desde que eles se viram a algumas horas atrás.

Eles estavam discutindo desde que Isaac contou um pouco mais sobre o que ele sabia da carta que Elora o mandou.

Mesmo curiosa, ainda não me atrevi a perguntar o porque do ódio gratuito entre os dois e o que Isaac é, já que humano estava descartado desde que soube que ele conhece Ártemis.

— Será que vocês podem parar? Nossos amigos estão em perigo, não temos tempo para brigas — chamo a atenção de todos, essa discussão está ficando estressante — Eu e Ártemis vamos juntas, encontramos vocês por lá.

— Tchauzinho, rapazes.

Ártemis sorri acenando para os meninos, antes de darmos as mãos e nos teleportar para Eredhin.

Já tinham me dito que aqui é um lixão, mas nunca imaginei que seria nesse nível. Será que as sombras conseguem ser mais nojentas que isso? Ficarei surpresa se descobrir que sim.

— Como alguém pode viver aqui — Ártemis torce o nariz com nojo, a vista é realmente um horror.

— Nem quero saber — respondo dando uma olhada ao redor de tudo — Vamos, os meninos devem estar por ali.

Caminhamos longos vinte e sete minutos até encontrar Apolo e Isaac discutindo sobre para onde deviam seguir.

Incrivelmente, sempre vai haver brigas e discussões, não importa o lugar, só basta o Isaac estar presente.

— Tá bom, por que? — pergunto cansada da situação e eles me olham sem entender — Por que tantas discussões?

Os três começaram a falar todos juntos me deixando maluca com tantos gritos e acusações. Conjuro um feitiço que os paralisa por alguns segundos e peço para falarem um de cada vez.

— Esse feiticeiro de araque me roubou há 500 anos — Ártemis acusa jogando um feitiço transformando Isaac em um grilo.

Pelo menos agora sei o que ele é.

— Não senhora, eu só peguei de volta o que sua querida mãe roubou de mim — Isaac se defende ainda como grilo.

— Senhora é o...

— Ok, já chega — Apolo intervém, transformando Isaac em humano novamente.

Em silêncio, decidimos seguir nossa caminhada. Não sabemos o local exato onde Sun e Elora estão, então cada minuto sem os procurar seria uma perda de tempo.

— Caramba, vocês sentiram isso? — Ártemis para do nada e começa a ir em uma direção onde conseguimos ver três pessoas caminhando.

Ficamos todos em alerta, de longe não dava para ver muito bem. Mas quando eles se aproximaram eu nunca fiquei tão feliz.

— LUNAR — grito eufórica.

— Ei — ela corre até mim me abraçando, notei que estava bem contente — Disse para não me procurar.

— Não viemos atrás de você — Apolo fala e logo percebe que foi um pouco rude — Digo, o príncipe Sol está em perigo.

— E a Elora — Isaac se intromete em prol da amiga.

O olhar de Lunar para nele por alguns segundos o analisando, todavia, logo se volta para os gêmeos que agora estavam um do lado do outro.

— Apolo e Ártemis — minha amiga os abraça — Quanto tempo.

— Que saudade — eles respondem em uníssono — Bem que senti sua energia.

Ártemis estava completamente diferente, desde que a conheci não era normal ver ela sorridente com nada, nem ninguém.

— Ah, esses são Hunter e Shira — Lunar apresenta os demais que estavam com ela.

— Uma sombra — Apolo esbraveja ficando de frente para o garoto.

— Ele é humano, é o meu irmão — ela fala sorrindo, tá explicado o motivo da felicidade — E ela é uma quimera.

Vi os olhos de  Ártemis brilharem para a garota que estava bastante acuada parecendo um animal selvagem que acabou de conhecer a civilização.

— Ela fica assustada porque não teve um contato muito bom com as pessoas — Lunar justifica ao ver Shira petrificada apenas nos olhando.

— Me perdoe — Ártemis abraça a quimera que recua com o ato repentino — Os humanos ainda não sabem o quão importante vocês são para eles, ninguém mais vai te ferir.

— Vocês vieram atrás do Sun e da Elora, por que? — Lunar pergunta.

— Eles estão em perigo, vão ser condenados por uma coisa que ainda não sabemos — respondo.

— E vocês andaram todo esse tempo sem uma garrafa de água? — ela pergunta e nós a encaramos sem entender — Oh, não me diga que vocês...

— Ora, ora — a fala dela foi interrompida por uma sombra que nos cercou junto com outras cinquenta — Bem que sentimos um cheiro podre, veja se não são as estrelinhas poluindo o nosso ar.

— Não deviam ter usado seus poderes — Lunar sussurra e só agora entendemos o porque.

Nossos poderes atraíram as sombras, e agora...

São cinquenta e um contra sete.

Astros: Lua MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora