XXXIV - Viva

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Lunar:

Assim que abri os olhos, eu notei que o meu corpo estava envolto por um brilho azul e amarelo.

O meu cabelo antes loiro e chegando no meio das costas, agora estava prateado e bem longo chegando no calcanhar.

Eu estava completamente nua, exposta na frente de todos que me olhavam.

Me sentia diferente, não só exterior como também interiormente, algo em mim faltava. E não estou me referindo as roupas.

Caído, pálido e sem vida no chão, estava ele, Sun, o príncipe que fez o maior sacrifício ao transferir sua vida e seus poderes para mim.

Isso não foi o suficiente para quebrar a maldição, ainda sentia dor e ódio.

Me odiava por ser responsável pela morte dele e o odiava por ter feito uma coisa dessas sem ao menos pensar, mas odiava principalmente a maldita que me olhava sem acreditar.

Nix não é uma desconhecida, tenho várias lembranças de quando ainda era criança, ela sempre me ensinava a controlar melhor os meus poderes.

Diferente do que muitos pensam, nós não nascemos sabendo controlar a magia e nem nada do tipo, é um longo processo de aprendizado onde se não tomarmos cuidado podemos acabar nos ferindo ou ferindo alguém.

Nix me ensinou a controlar a lua, fazer com que ela brilhasse mais e me acompanhasse em qualquer direção.

Eu tinha 5 anos quando consegui dar três passos com a lua acima de mim graças a ela, porém desmaiei por dois meses, foi muita energia para um corpo pequenino.

Eram boas lembranças, eu vibrava toda vez que sentia a imensidão do meu poder.

Nix era um exemplo que eu sempre quis seguir e isso deixou Mayn preocupada, somente quando eu comecei a espalhar pela galáxia que um dia eu seria igual a ela, que a minha mãe estrela me fez cair do cavalo ao revelar que a deusa noite não era a mocinha, já tinha deixado de ser há milênios e agora servia ao lado do mal.

Conjurei um feitiço de teletransporte vestindo uma roupa diretamente no meu corpo.

Não me sentia envergonhada nem algo do tipo com todos me vendo, porém estou prestes a tirar duas vidas, não vou fazer isso pelada. 

— Nix — nada era certo daqui para frente, mas não vou fazer com que o sacrifício do príncipe seja em vão — Desfaça imediatamente o que prende o meu irmão ao seu e depois vamos terminar o que você começou.

— Isso tudo é ridículo, você não aguentaria uma carga de poder tão intensa dentro de você sem explodir.

— É o que acha? Veremos.

Meu tom de voz não chegou a ser sombrio, mas fez com que o ar de superioridade da deusa da noite desvanecesse.

— Lunar — é a Sammy, sendo próxima de mim eu sabia que ela estava sentindo as minhas emoções também.

As piores e por isso sua voz soou preocupada.

Direciono minha mão para onde ela e os outros estavam e os mando para Orbs, deixando apenas Hunter e o corpo de Sun.

Preciso o livrar do feitiço de sangue e sei que Nix tem poder para isso. Érebo é irmão gêmeo dela, ela consegue reverter todos os feitiços que ele fizer.

— Remova — peço encarecidamente.

— Acho que você esqueceu quem serve a quem aqui.

Ela joga um tornado para cima de mim, logo o bloqueio erguendo uma barreira.

— Tudo bem, até o final você remove.

Crio um cubo de fogo substituindo a cela que as estrelas tinham feito para Érebo, por ser da escuridão, ele vai sofrer bastante com o nível de claridade e calor lá dentro.

Faço o meu irmão adormecer, ninguém sente dor dormindo e o protejo com um escudo da lua.

— O que pensa que está...

Não deixo ela terminar de falar mais nenhuma palavra, sua voz já estava me tirando do sério. A atinjo com três raios de energia seguidos fazendo ela ser lançada para trás, porém nada que fosse causar grande estrago.

Eu sei que para vencê-la terei que usar os poderes do sol, entretanto toda vez que faço menção de usá-los a marca no meu pescoço dói e o meu coração se enche de culpa.

Contudo, sei que vou precisar passar por cima disso para salvar o meu irmão e honrar a morte do príncipe, ele sim será o verdadeiro herói dessa batalha.

— Gostei disso, bem que eu sempre via potencial naquela garotinha que me admirava. Você lembra? Os seus olhinhos brilhavam — Nix lança um meteorito na minha direção e o mesmo atinge minha testa, me fazendo perder os sentidos por alguns minutos.

— Não sabia que você era do mal — comento vendo tudo em minha volta girar.

— E não era, cometi alguns erros sim, mas fui atrás de redenção — fecho os olhos quase não prestando atenção no que ela falava — Me rejeitaram, me negaram você e aquela estrela nunca te disse a verdade.

— Vindo de você eu nunca quis saber nada.

Crio cinco luas minguante e jogo na mulher que caminhava até mim. Apenas duas a acertaram cortando pedaços do seu manto.

Escuto gemidos de dor vindos de Érebo e Hunter e acabo desviando a minha atenção, o feitiço de adormecer não estava funcionando e o meu irmão está sofrendo.

Me aproximo do cubo e diminuo a temperatura, não sabia como prosseguir, sinto que todos contavam comigo, não posso ser uma decepção.

— Você está o ferindo, se ferindo e ferindo o seu irmão também — Nix para do meu lado.

— Remova a ligação entre eles — peço uma última vez sendo pacífica.

Não sabia bem o certo, mas ao meu ver ela está dividida.

Seu olhar se intercalava entre Érebo e eu a todo momento, estávamos na mesma situação. Se ela remover a ligação, Érebo morre e Hunter é salvo, se ela não remover, nenhum dos dois serão salvos.

— Vou matar a todos nós aqui — ameaço canalizando os poderes do Sun em meu coração, o usaria criando uma grande explosão onde nenhum de nós sobreviveremos.

— Lunar — Nix cria um escudo ao meu redor impedindo o meu corpo de esquentar.

Quebro o escudo com um grito e já cansada destruo o cubo com uma explosão matando Érebo de vez.

A dor veio logo em seguida por ter matado o meu irmão, não suportaria o peso de tantas mortes em minhas costas e começo a criar uma bomba dentro de mim.

Nix estava certa, tanto poder me explodiria fácil, porém o príncipe foi cuidadoso.

— Você não vai morrer — a deusa noite fala com convicção me olhando nos olhos.

— Eu e você iremos — a encaro cheia de ódio sentindo a bomba chegando no seu limite — Só existe um herói aqui.

— Não vai porque eu sou sua mãe — ela revela me deixando sem reação — Não sou má e você ainda tem muito o que fazer, a fase difícil já começou a muito tempo e o mundo precisa de você — o meu corpo estava completamente paralisado — Vão, eu termino aqui.

E foi assim que eu despertei em meu quarto, o meu irmão estava ao meu lado lendo um livro e Doug estava com a cabeça em cima da minha barriga.

— Hunter — minha cabeça doía com tanta confusão.

Tudo não passou de um sonho?

— Você está viva.

Astros: Lua MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora