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Esse capítulo pode ser um pouco sensível, mas não há nada explícito e nenhum mal é concretizado. Cuidado com o que for comentar!
Passos apressados explodiam atrás de mim, cada vez mais próximos, mais brutais — um tambor de guerra prestes a me esmagar. Eles se fundiam ao estalo desesperado dos meus saltos no chão frio, quebrando a quietude do corredor escuro. Eram batidas letais, predatórias, impiedosas.
Meus olhos ardiam, dilatados de puro terror. O fôlego vinha em soluços irregulares, trêmulo, rasgando meus pulmões em brasa. O medo não apenas me movia — ele me devorava por dentro, empurrando meu corpo ao colapso. E então, ali — a sombra dele. Se alongando pelas paredes, grotesca, desfigurada, me alcançando com dedos de treva. Crescia, viva, faminta, quase tocando a minha pele.
— Esses corredores... sempre acabam em algum lugar. E adivinha quem vai estar esperando lá? — Ele gritou. — Eu paguei por isso e a terei.
Continuei correndo, mesmo com o corpo implorando por pausa, mesmo com a visão turva pelas lágrimas que teimavam em subir. O som dele atrás de mim não diminuía — era constante, certeiro, como se cada passo fosse calculado para manter a ameaça viva na minha nuca. Foi então que ouvi — um estalo seco, rápido demais para entender. O salto do meu sapato cedeu, partindo de vez. Cambaleei para o lado, o corpo perdendo o equilíbrio junto com a última esperança de distância. Caí de joelhos, as palmas ralaram no chão áspero, e por um instante o mundo pareceu parar — menos os passos. Esses continuavam. E vinham direto para mim.
Horas antes…
Débi entrelaçou os dedos nos meus enquanto atravessávamos os corredores, que, milagrosamente, estavam quietos — anormalmente quietos. Era fim de semana, e, normalmente, o toque de recolher era um pouco mais tarde nesse horário. Eu esperava encontrar muitos alunos espalhados pelos arredores.
— Onde tá todo mundo? — perguntei, com uma ponta de apreensão.
— Os descolados estão na festa, os manés dormindo. Você estranhou porque não tá dormindo hoje? — provocou, com aquele sorriso debochado de sempre.
Cerrei os olhos para ela. Sempre com as piadinhas idiotas.
— Onde é essa festa? — insisti.
— Em algum lugar entre “fica quieta” e “espera chegar” — resmungou, impaciente. Era por isso que a gente nunca ia a festas juntas.
Eu nunca gostei delas. Sempre me sentia deslocada, com aquela expressão de quem preferia estar em qualquer outro lugar. E Débi, sempre que ia comigo, só queria se divertir ao meu lado. No fim das contas, acabava cuidando de mim a noite inteira — abrindo mão da própria diversão sem nem reclamar.