²⁹ ||Meu doce cativeiro

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²⁰⁹⁸Words

     Quando ele foi embora, não havia som

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     Quando ele foi embora, não havia som. Não havia despedida, nem palavras, apenas o vazio, que agora se estendia à minha volta, imenso e insuportável.

    A ausência dele era hostil, uma pressão no peito que me fez prender a respiração, como se o ar tivesse sido roubado de mim. Fiquei ali, imóvel, tentando processar, tentando compreender, mas tudo parecia um turbilhão de pensamentos desconexos. Aquele vazio... aquele lugar onde ele deveria estar... era agora um abismo tão escuro quanto um dia já fora.

    Fiquei deitada por um longo tempo, os pensamentos me corroendo como uma teia de aranha. O que restava agora? O que eu havia sido antes dele, o que eu seria depois? O vazio, como uma sensação de abandono, se espalhava por todo o meu corpo.

    Ele não havia dito nada, simplesmente se foi, e me deixou para enfrentar esse silêncio imenso que parecia cada vez mais sufocante. Eu me perguntava por que ele tinha feito isso. Para me proteger? Para se proteger? Ou talvez, em algum lugar, ele tivesse me deixado ir, não porque quisesse, mas porque, de alguma forma, acreditava que isso era o melhor para mim. Eu estava confusa.

    Me levantei devagar, cada passo parecendo pesar mais que o anterior, e olhei pela janela, como se pudesse encontrar alguma resposta do outro lado. O céu estava encoberto por nuvens pesadas, e tudo parecia estagnado, como uma cena congelada no tempo. Então, ouvi o som da porta se abrindo. Amaia entrou, silenciosa, como sempre, e eu não soube dizer se estava aliviada ou mais perdida ainda por sua presença.

  — Ele foi embora? — murmurei, mais para mim mesma do que para ela. A voz soou estranha, como se eu não fosse a mesma pessoa que havia falado aquelas palavras.

    Amaia se aproximou lentamente. Seus olhos estavam vazios, como se ela tivesse visto algo em mim que nem eu mesma conseguia entender. E então, sem dizer uma palavra, ela me abraçou. O toque dela era suave, mas pesado ao mesmo tempo, como se carregasse uma tristeza que eu não sabia se seria capaz de suportar. E fiquei ali, permitindo-me ser envolvida, sem saber por que, nem o que aconteceria depois.

  — Ele… ele não vai voltar, vai? — Minha voz, fraca e quase inaudível, fez Amaia se afastar levemente, o olhar dela agora mais tenso. Ela não respondeu de imediato. Em vez disso, olhou para mim com uma expressão indefinida, como se estivesse ponderando a verdade que eu já conhecia, mas não queria aceitar.

  — Não posso saber — respondeu ela, as palavras pesando no ar como uma penalidade. — Mas você não pode esperar por ele. Não mais.

    Eu a encarei, o vazio daquelas palavras se misturando com a minha própria confusão. O que mais poderia restar? Como seguir em frente quando tudo o que parecia ter sentido havia desaparecido?

    Meu coração se partia em mil pedaços, e esses mil pedaços se desfaziam em fragmentos menores, menores ainda, até que não sobrava mais nada além de um vazio espesso, imenso, como o ar em uma sala fechada. Eu sentia o peso do desespero, uma vontade urgente de gritar, de deixar que o choro fluísse e aliviasse o tormento que me consumia. Mas nada acontecia.

MEᑌ ᗪOᑕE CᗩTIᐯEIᖇOOnde histórias criam vida. Descubra agora