¹⁴ || Anjos não devem ser escandalizados

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³⁹⁰⁹ Words

      Meus olhos foram imediatamente atraídos pelo convite elegantemente posicionado na mesa

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      Meus olhos foram imediatamente atraídos pelo convite elegantemente posicionado na mesa. Havia algo de intrigante na forma como o papel fino refletia a luz suave da lâmpada. Aproximei-me com passos cautelosos, como quem adentra um palco misterioso, inseguro.

     Mas o que realmente capturou minha atenção foi o selo de cera vermelha, partido ao meio, como um elo quebrado entre passado e presente. Nele, um desenho em relevo parecia dançar sob meus dedos curiosos. Inclinei-me para contemplar a figura misteriosa, e um arrepio percorreu minha espinha, como se um antigo feitiço estivesse sendo reavivado.

     Aquela marca… senti que já a tinha visto antes, dia e noite. Passei momentos em transe, tentando decifrar o enigma gravado na cera, como um poeta em busca da rima perfeita para um verso inacabado. E então, um lampejo, me lembrei. Era o mesmo desenho que Débi tinha tatuado no peito.

     A lembrança ressurgiu como uma onda selvagem: uma serpente enroscada em torno de uma cruz invertida, idêntica àquela gravada na cera. Minha mente começou a tecer conexões invisíveis, unindo um passado, um presente, até mesmo um futuro a qual agora estou presa.

     Toquei o selo com reverência, como quem acaricia o coração de uma história antiga prestes a despertar. O que aquele símbolo guardava? Por que Débi o escolhera para adornar seu corpo com tinta eterna? Senti uma mistura de inquietação e decepção. Sabia que precisava perguntar a Anthony sobre isso, mas deveria? Poderia ser só uma coincidência, ou poderia haver uma ligação? Eu estava torcendo para que fosse uma eventualidade ocasional.

   — Interessada no convite? — perguntou, a voz calma, mas com uma nota de tensão subjacente, fez o meu coração acelerar.
Surpreendida com sua aparição, virei-me rapidamente, sentindo o calor subir ao meu rosto. Olhei para ele, tentando decifrar a expressão em sua face.

   — Apenas curiosa — o respondi, tentando dissimular a intensidade da minha vergonha por trás de uma máscara de leveza. — O selo me pareceu familiar.

   — Como isso poderia lhe parecer familiar? — Perguntou sem interesse. Suspendi os ombros ainda sentindo o nervosismo. Anthony balançou a cabeça lentamente, seus olhos fixos nos meus. Havia uma profundidade neles, um mar de segredos e emoções que ele mantinha cuidadosamente guardados.

   — O que significa? — Perguntei. 

     Ele se aproximou, cada passo cheio de autoridade. Pegou a carta da mesa, suas mãos movendo-se com uma precisão quase ritualística. Ao ver que o convite ainda estava dobrado, relaxou um pouco, embora a desconfiança não tivesse desaparecido completamente de seu olhar.

   — Significa a traição da fé. É o selo da casa da minha família, a marca deles e dos seus. — Falou em um tom baixo, quase reverente, enquanto seus dedos tocavam o selo partido. Franzi o cenho, sentindo um aperto no peito, uma premonição de algo sombrio.

MEᑌ ᗪOᑕE CᗩTIᐯEIᖇOOnde histórias criam vida. Descubra agora