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— Será que está morta? — Senti um cutuque duro e rígido em meu abdômen seguido de alguns risinhos. — Não me diga que está tentando concorrer com os mortos para ver quem dorme mais? Acorda, vai.
Débora e suas piadiculas pela manhã era como uma manhã sendo suportada de estômago vazio.
— Bom dia para você também, Débi. — Me sentei sobre o túmulo e estiquei os braços aproveitando um longo bocejo.
— Preciso perguntar?
Ainda de cara retorcida, olhou para minhas roupas molhadas e depois para a lápide, como quem estava prestes a ter uma náusea pesada. Respirei fundo enquanto notava, agora mais do que antes, amassadas.
— Eu saí para caminhar, fiquei cansada e o por aqui parecia bem tranquilo. Sabe como é, um descanso em grande estilo. — Sarcasmo nunca foi meu forte, mas disse aquilo sem humor algum.
— Ah, claro. Nada como uma cama de mármore frio para um boa noite de sono. E as flores? São suas almofadas? Muito confortável, imagino. — Débi cerrou os olhos com desaprovação e suspirou.
— Eu que durmo num lugar duro e frio e você que fica mal-humorada? — Não consegui não a alfinetar. Mas com aquele humor, eu diria que eu não estava sendo muito inteligente.
— Não consegui dormir a madrugada toda, então pensei em dar uma volta e visitar o lugar.
Débi tinha conhecimento de que havia perdido minha mãe e que a megera da minha tia me jogou no primeiro internato que encontrou, mas era só isso. A garota nunca demonstrou interesse sobre minha vida, sempre afirmava que, se em algum momento eu quisesse compartilhar algo com ela, estaria pronta para ouvir. Eu nunca senti a necessidade de contar e não ter que falar era um alívio para mim. Por isso ela não fazia ideia do túmulo da minha mãe.
Esfreguei os olhos.
— Acho que os fantasmas devem adorar sua companhia. — Ela resmungou. Revirei os olhos para aquele comportamento insuportavelmente insistente. Sempre que pegava cisma de implicância ela levava o dia inteiro para superar. Notoriamente estava chateada com alguma coisa, e como fui parar no meio disso, eu não fazia ideia.
— Tá bom, já deu. O que foi?
A garota cruzou os braços e suspirou impaciente me fitando com cara de poucos amigos.
— Me pergunte as horas?
— O que? Por quê?
Débi se pôs em uma posição dura e relutante esperando que eu fizesse o que pediu. Bufei! — Que horas são? — E isso era tudo o que ela precisava para descarregar sua tensão.
— São quase meio-dia.
Débi fechou os punhos com determinação e começou a andar de um lado para o outro, faiscando antes de se incendiar.