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O tempo deslizava com uma velocidade incômoda, roubando a luz do entardecer que, em breve, se renderia à iminência da madrugada. A sala, desprovida da presença tanto adorável quanto irritante da garota, mantinha-se singular, como se a ausência dela conferisse um status superior ao ambiente.
Quanta teimosia! Insistir contra a tempestade é como remar contra a maré. Em vez de lutar contra algo mais forte, talvez seja mais sábio ajustar a rota e esperar o momento certo para seguir em frente. Mas a "pequena" Lauren não sabia como um mundo de batalhas funcionava, ainda.
— Desejas que eu a busque no quarto, senhor? — Sua voz ressoou com uma melodia contida, como o sussurro de folhas inquietas sob a luz da lua. Ela ergueu a pergunta com uma expressão de serenidade, consciente de que meu desejo era o supremo decreto naquela casa. Meus olhos vagueavam por um breve momento, mas minha atenção não se fixou naquela fisionomia; em vez disso, mergulhei em pensamentos sobre se a jovem seria audaciosa a ponto de ainda não compreender o compasso que sua caminhada deveria seguir. Em certo sentido, eu poderia encontrar alegria em sua desobediência, pois ali estava a chave para tudo, entre as dobras de cada ato rebelde. A insurgência dela era a essência, a promessa de uma vitória que aguardava para ser conquistada. Seus pensamentos dançavam no palco da ingenuidade, como uma criança que, deslumbrada pela leveza dos sonhos, desconhecia a complexa coreografia da vida. No entanto, na arena do equilíbrio e tino, essa dança infantil revelava-se frágil, pois a inocência, como um frágil vagalume, era facilmente capturada pela realidade voraz, transformando-se em pó ao primeiro contato com os vendavais da experiência.
— Senhor? — Voltei em si e balancei a cabeça negativamente.
— Não será necessário. — Fitei a entrada da sala tendo meus olhos seguidos por Amaia enquanto a garota passava, retraindo seus passos no limiar da porta.
Tão enigmática quanto a própria criação do universo foi o surgimento dela. Abandonada, esquecida, como se fosse uma figura fútil, desnecessária. Uma donzela aprisionada num corpo de mulher, cujo crescimento fora esquecido, permanecendo uma criança vulnerável e desprotegida, entregue aos lobos e leões ansiosos para saborear sua carne verde. A princípio mostrou-se tímida, compreensível dada a situação. Uma menina cercada por uma aura de pureza que ultrapassava qualquer fragrância refinada. Seus olhos, safiras azuis, refletiam o rubor em suas bochechas enquanto buscava os pés calçados para encarar, uma confirmação silenciosa do que não precisava ser dito para ser entendido.
Aquele tecido vestia-a com uma elegância que me fazia divagar além do permitido. Ao vê-la recatada, eu me perguntava se aquelas alças finas, destacando seus ombros comprometidos, nunca tinham sido tocadas por mãos alheias, deslizando-o como o véu de uma santa acariciado pelo vento. Nunca experimentou o toque de mãos quentes, o desejo insinuado de uma carne conversando com a sua. Talvez em sua mente, tenha se aproximado dessa verdade, mas duvido que a doce Lauren tenha realmente vivenciado tal proximidade. Nem mesmo seus próprios dedos longos e curiosos a trataram com a devida devoção. Se é que sabia usá-los. Me questiono internamente se um único beijo seria capaz de revelar o sabor gravado entre sua língua e o céu de sua boca. Que gosto seria o dela? Observo-a de lábios entreabertos, ofegante e disponível para mim, mesmo mantendo-se vestida. Como seriam seus gemidos genuínos? Se eu pudesse, a faria...