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Levantei-me lentamente, aproximando-me dele, cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se, a cada movimento, eu estivesse me aproximando não apenas de seu corpo, mas de algo mais profundo e perigoso.
Acreditei, por um momento, que todos somos passíveis de erro, que todos podemos errar e depois buscar algum tipo de redenção, por mais distante que ela pareça. Mas, naquele momento, a dúvida parecia pesar mais que qualquer outra coisa. Eu precisava saber. A verdade estava ali, dançando à minha frente, e talvez fosse a última coisa que eu quisesse ouvir.
Olhei para ele, com um olhar que era ao mesmo tempo terno e cortante, tentando encontrar algum vestígio de humanidade naquele abismo de olhos profundos.
— Você faria de novo? — A pergunta saiu de minha boca, baixa e precisa, como se estivesse cortando o silêncio. E, ao perguntar, percebi que talvez já soubesse a resposta.
Ele ficou em silêncio por um momento, como se a resposta já estivesse ali, mas ele estivesse relutante em deixá-la escapar. Suas mãos, ainda descansando sobre a lareira, se fecharam em um punho, e o crepitar do fogo parecia refletir a tensão em seu corpo. Quando finalmente falou, sua voz estava calma, quase fria, mas havia uma intensidade nas palavras.
— Não, não faria de novo, não agora. O tempo me transformou de formas que você não pode compreender. O que aconteceu… foi necessário, em sua essência, para que eu fosse o que sou hoje. — Ele deu um leve suspiro, um gesto quase imperceptível, antes de continuar.
— Mas, se estivesse no mesmo lugar, com os mesmos erros, com os mesmos fantasmas... não posso afirmar que faria diferente. — Ele olhou para mim, mas ainda parecia não me ver, como se estivesse se perdendo nas próprias palavras.
— A dor nos ensina, Lauren. A felicidade é como uma praia em um dia quente... você só aproveita, não aprende quase nada. Mas a dor… — Ele fechou os olhos por um breve instante, e, ao abrir novamente, sua expressão estava mais pesada. — A dor me moldou de uma maneira que a alegria nunca poderia ter feito. Nós erramos para não repetir os mesmos erros, e é na repetição do erro, na farsa da redenção, que aprendemos a nos tornar outra coisa.
Ele se afastou da lareira, seus passos curtos, mas firmes, e se aproximou de mim, quase como se sua presença estivesse exigindo uma resposta.
— Então, sim... — A voz dele foi mais suave agora, mas a intensidade ainda estava ali, profunda e indiscutível. — Se o tempo voltasse, talvez fizesse a mesma coisa. Porque a dor... a dor é o único aprendizado genuíno que temos.
Com um movimento lento, ele ergueu a mão até meus cabelos, como se o simples ato de tocá-los fosse uma decisão complexa e cheia de significado. Seus dedos deslizaram por entre as mechas, com uma delicadeza quase cruel. O toque, suave como uma pena, mas com uma intensidade fria, fez meu coração disparar, como se ele tivesse a chave para mantê-lo batendo.