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Entramos na quinta loja do dia. O sol da manhã ainda estava alto, mas eu já sentia o peso das horas passadas enquanto Amélia rodopiava pelo salão, entre vestidos que iam do exuberante ao ridiculamente extravagante. Cada uma dessas lojas parecia um labirinto interminável para mim, mas para Amélia era como se fosse um parque de diversões. Em cada uma delas, ela levava mais de uma hora, experimentando, admirando-se no espelho, mas sempre saindo de mãos vazias. Comecei a me arrepender seriamente de ter me oferecido para acompanhá-la.
— Ai, que cara mais feia é essa? — A voz dela quebrou o silêncio, como sempre, direta e sem cerimônia. — Dormindo com uma mulher tão linda como aquela do lado, como alguém pode acordar de tão mau humor assim?
Mantive o olhar fixo nas vitrines, fingindo que a pergunta tinha caído no vazio. Amélia não era do tipo que deixava escapar uma oportunidade de provocar.
— Todos dizendo o quão elas são bem parecidas, mas... — Ela fez uma pausa dramática, rodopiando com um vestido verde nas mãos, fez uma cara feia e pegou um outro. — Acho a segunda mais bonita, mais gentil, mais... humana. Você não concorda?
Revirei os olhos, sentindo uma pontada familiar de irritação subir pela espinha. Lauren. Por que Lauren tinha que ser o tópico de todas as conversas essa manhã?
— Ela é diferente — murmurei, em um tom seco e evasivo, quase como se quisesse pôr um fim àquele assunto ali mesmo.
— Claro que é! — Amélia sorriu, enquanto segurava um vestido azul contra o corpo, sem se incomodar com a minha falta de paciência. — E essa diferença é exatamente o que está te enlouquecendo, não é? — Ela disse, observando minha reação com um brilho nos olhos. — Sabe, eu consigo entender por que você está tão... desconfortável.
Eu respirei fundo, observando-a enquanto ela voltava sua atenção para mais uma arara de vestidos. Ela era um raio de luz em qualquer sala, transformando o ambiente apenas por estar lá. Por mais que o humor dela me desgastasse, eu não conseguia deixar de sorrir por dentro.
— A questão, meu querido irmão, é que você sempre foi assim — começou ela, com aquela voz que parecia capaz de suavizar até a conversa mais séria. — Frio, controlado, tão distante das pessoas ao seu redor. Eu sempre te vi como uma fortaleza, intocável, inalcançável. Mas com Lauren... é diferente. Pelo jeito ela sabe escalar. — Ela parou, me encarando, esperando uma reação que eu me recusava a dar. — E isso te assusta muito, não é? A ideia de sentir algo... real. Você não quer nada que te prenda neste mundo.
Cruzei os braços e me escorei em uma das pilastras enquanto ela mexia nas roupas. Amélia sempre foi muito talentosa em ler as pessoas, por mais que elas tentassem esconder aquilo que o mundo não deveria ver. Como Teresa. E comigo, ela sempre foi uma das poucas pessoas que conseguia enxergar através das máscaras que eu vestia tão cuidadosamente.