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Deitado no tapete, o frio da superfície contrastava com o calor que subia pelo meu corpo, enquanto meus olhos fixavam-se no teto sem realmente enxergá-lo. A noite estava silenciosa, exceto pelos ecos na minha mente. Como um filme, as lembranças do momento em que quebrei parte do anjo — tudo parecia tão calculado, uma série de provocações veladas que me trouxeram até aqui. Valquíria à minha frente, o toque dos dedos dela em meu braço, cada deslizar carregado de intenção. Seu sorriso cínico, sempre presente, enquanto eu tentava, inutilmente, desviar meus olhos de Lauren e Christian.
Eles dançavam juntos. Cada giro, cada risada abafada, cada toque me corroía por dentro, como uma faca lentamente girando na ferida. Não era apenas a proximidade entre eles, mas o que aquilo significava. E Valquíria... eu sabia que ela notava tudo. Ela sempre foi astuta, uma predadora silenciosa, percebendo até o menor sinal de fraqueza. Como isso tudo começou? Eu não sabia mais ao certo. Erros, mal-entendidos, escolhas erradas... e agora, estava deitado aqui, pensando no ponto onde tudo desabou.
— Não consigo decidir — Valquíria disse naquela noite, sua voz cortante ecoando na minha memória. — Quem é Valentina e quem é Lauren. Não é estranho uma humana tão idêntica assim?
Eu me lembro da tensão no meu corpo, como se o próprio nome Valentina me prendesse, me enrijecesse. O olhar de Valquíria, sabendo exatamente onde estava me atingindo, jogando com meu desconforto como se já soubesse o resultado. Mas meus olhos se recusavam a desviar de Lauren, que continuava sorrindo, girando nas mãos de Christian como se nada no mundo pudesse tocá-la. Aquela provocação, no entanto, queimava por dentro.
— Mas essa é doce — Valquíria continuou, o dedo deslizando pelo meu ombro, o sorriso dela tornando-se ainda mais afiado. — Talvez seja por isso que Christian também parece tão... interessado.
A lembrança da minha mandíbula se contraindo foi quase física. Valquíria sabia como me desestabilizar, como transformar cada palavra em uma arma. Naquela noite, minha paciência era um fio prestes a romper. Lembro-me de ter dito algo, minha voz baixa, mas carregada de ameaça. Mas o tom dela... ainda ecoava no silêncio daquela dança.
Agora, deitado aqui, percebo o quanto tudo naquela noite foi um prelúdio para o desastre. Christian estava à vontade demais com Lauren, e Valquíria sabia disso. Cada frase dela parecia uma provocação cuidadosamente calculada, destinada a acender algo dentro de mim. E eu, tolo como sempre, permiti que ela conseguisse. Fechei os olhos, tentando afastar as lembranças, mas elas voltam com força. Valquíria se inclinando, sussurrando suas últimas palavras, aquele sorriso traiçoeiro que fazia minha pele arrepiar.
— Talvez eu devesse ajudar você a acabar com essa sua angústia de uma vez.
— Não estou pedindo a sua ajuda. — Retruquei, a aspereza na minha voz contrastando com a tensão que se acumulava em meu peito. Meus olhos voltaram para Lauren, que parecia tão tranquila sob o toque de Christian, como se nada do que estivesse acontecendo ao redor a afetasse. Algo dentro de mim se retorceu, como uma dor surda que eu tentava ignorar.