No momento em que seus pés atingiram o limite da vila seu coração foi tomado pela sensação de finalmente estar em casa. A jovem sorriu por trás da máscara branca com detalhes em vermelho, o padrão para qualquer ninja ANBU. As árvores familiares, o cheiro, o chão batido por milhares de pegadas que passaram por ali, tudo era tão confortável, tão familiar.
— Algo não está certo. — Seu companheiro sussurrou, e foi só após essas palavras que ela realmente olhou a paisagem a sua frente, sem toda expectativa de estar de volta, sem o sentimento de nostalgia por ter passado um pouco mais de um ano longe da aldeia da folha.
À primeira vista tudo parecia igual, os mesmos portões, o mesmo caminho que levava diretamente ao prédio principal da vila, mas ao redor... O lugar parecia ter triplicado de tamanho, tudo parecia mais organizado, maior, mais tecnológico.
— Uma mudança dessas não poderia ter ocorrido em apenas um ano. — Ela tentou esconder o tremor em sua voz, mas soube que não havia sido eficaz quando o ninja virou para encará-la. Ele também usava uma máscara, uma insistência dela para que não chamassem atenção durante a missão, porém, ao contrário da máscara feminina, a dele era negra como a noite mais densa. — Existe alguma chance de termos ido parar em uma dimensão alternativa?
— Não. — O tom despreocupado que ele utilizava fazia com que a ANBU se questionasse como ele conseguia se manter tão calmo. — Na realidade... sim. Mas tenho certeza que estamos no lugar certo. As sensações nas outras dimensões eram... diferentes.
A Hyuuga concordou silenciosamente, ela também sentia que estavam de volta ao seu lugar de origem, onde tudo havia começado. Mas como raios podia estar tão diferente?
— Vamos seguir o planejado e ir até o Hokage primeiro. — Ela finalmente disse após alguns minutos. — Ficar aqui parados pensando nas possibilidades não vai nos levar a lugar nenhum.
Em apenas alguns segundos um de seus joelhos encontrava o chão de madeira polido da sala do líder da folha e sua cabeça estava curvada em um claro sinal de respeito. Um sinal que seu companheiro nunca havia se dado o trabalho de dar. Hinata reviraria os olhos se seu coração não estivesse tão acelerado e preocupado com a situação.
— Estamos de volta, Hokage-sama. — O treinamento árduo que tivera permitiu que ela escondesse o tremor de sua voz. — A missão foi um sucesso.
— Hinata! Teme! — A voz que chegou aos ouvidos femininos fez com que ela se sobressaltasse: aquela não era a voz de Hatake Kakashi.
— N-Naruto-kun! — Ela exclamou, erguendo o rosto e encarando os orbes azulados que lhe eram tão queridos. Seus olhos arderam pela vontade de chorar, mas nenhuma lágrima escorreu pelo rosto pálido.
Aquele era Naruto, ela sabia que era. Mas ele estava diferente: o cabelo estava mais curto, a expressão mais séria e o manto de Hokage estava em seus ombros. Porém, o que mais assustou a herdeira Hyuuga não foram as mudanças na aparência de seu amado.
Foi a pequena criança que estava sentada em seu colo.
A cabeleira farta do menino era tão dourada quanto a do Uzumaki, mas os olhos eram de um verde brilhante e não azul. Verdes, Hinata percebeu, iguais aos da mulher que se encontrava ao lado do Hokage com as mãos no peito em um claro sinal de choque e uma barriga que demonstrava sete meses de gravidez.
— Como... — Naruto começou após o momento do choque, seu rosto assumindo a expressão séria que cabia a um líder. — Como vamos saber que são realmente Uchiha Sasuke e Hyuuga Hinata e não dois impostores tentando se infiltrar na vila?
Aquelas palavras atingiram o coração da perolada como uma adaga gelada. Como ele podia falar aquilo? Apenas um ano havia se passado!! Uma de suas mãos foi até o discreto colar que usava no pescoço, era uma corrente prateada simples e fina, geralmente escondida no meio das bandagens que sustentavam seus seios. O único adorno era um belo anel, também prateado, com uma pedra que lembrava a lua cheia em todo o seu esplendor.
— A lua, Naruto. — Hinata sussurrou, arrancando a corrente de seu pescoço e colocando em cima da mesa do Hokage. Ela então deu alguns passos para trás, ficando ao lado de seu companheiro de missão e os dois tiraram a máscara em conjunto. — Você disse que nunca esqueceria.
E que esperaria.
Ela não disse em voz alta, mas sabia que o loiro havia pensando exatamente a mesma coisa. Ambas as mentes borbulhavam com os últimos momentos em que passaram juntos, com as juras de amor, as promessas.
Hinata teve que lutar muito, mas não deixou nenhuma lágrima manchasse sua imagem naquele momento. Sasuke, discretamente, colocou a mão esquerda nas costas da morena em um sinal de apoio.
— Nós achávamos que vocês estavam mortos. — Sakura disse, seus olhos marejados e assustados. — Como... Vocês não... vocês não mudaram nada!
— Apenas um ano se passou, Sakura. Não é como se estivéssemos ficado vinte anos longe. — Sasuke finalmente disse. Sua voz não denunciava, mas a Hyuuga sabia que ele estava tão confuso quanto qualquer um naquela sala.
— Doze.
— O que? — A perolada perguntou e nenhum treinamento poderia preparar Hyuuga Hinata para as palavras seguintes.
— Doze anos se passaram desde que vocês saíram em missão. — O loiro completou e em seguida tudo que Hinata enxergou foi a escuridão.
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Nine in the Afternoon
FanfictionEm um ano muitas coisas podem mudar, mas o que fazer quando você volta para casa e descobre que, na verdade, doze anos se passaram? SasuHina | Universo Original