Capítulo I

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Vamos com calma enquanto ainda temos nosso tempo

Porque algumas coisas dificilmente mudam
Mas nada permance o mesmo
The Maine - The Sound of Reverie


Branco foi a primeira coisa que ela notou quando finalmente conseguiu abrir os olhos. Branco nas paredes, nos móveis e nos lençóis. Branco e, de repente, preto e um roxo profundo.

— Achei que essa história de desmaiar perto do Naruto tivesse ficado para trás.

Hinata suspirou pesadamente, mas ignorou o comentário de Sasuke. Sua mente ainda estava um pouco confusa. Nada, desde que botara os pés de volta em Konoha, parecia fazer mais sentido. As últimas palavras de Naruto estavam fixas em sua cabeça e ela tentava entender como aquilo podia ser possível.

Doze anos se passaram desde que vocês saíram em missão.

— Sasuke, doze anos foram arrancados de nossas vidas. — Ela encarou os olhos com as cores distintas que vira ao acordar com seriedade e preocupação. A jovem podia sentir que algo não estava certo com ele, um ano, ou doze, convivendo lhe trouxeram o companheirismo, a intimidade e a compreensão que a herdeira Hyuuga tinha com pouquíssimas pessoas. — Como você pode estar tão calmo? Tão indiferente?

O ninja respirou fundo e ponderou muito antes de responder. O Uchiha tentava não se prender ao passado, às lembranças agridoces e à perda que, ele querendo ou não, pinicava seu coração todos os dias. Depois de perder tanto, o que seriam apenas doze anos, certo?

— Não é como se eu tivesse algo a perder com tudo isso. — Finalmente respondeu. Ele poderia dar alguma resposta sarcástica, inventar uma mentira deslavada, mas Hinata o conhecia bem demais. Aqueles olhos que lhe lembravam duas pérolas gigantes pareciam enxergar sua alma.

E ele não sabia se aquilo era bom ou ruim.

— As coisas continuam exatamente as mesmas, passados um ou doze anos. — Ele completou e o coração de Hinata apertou com as palavras dele. — Não existe família esperando por mim.

Ou amores.

— Você tem a mim. — Ela disse estendendo a mão. Sasuke sorriu brevemente e segurou a mão feminina que era pequena e macia comparada a dele. — E Naruto, Sakura, Kakashi... você não está sozinho, Sasuke.

Ele decidiu que não discutiria com ela, não naquele momento. Primeiro, eles precisavam entender exatamente o que havia acontecido com a passagem do tempo, depois eles teriam oportunidade para outras questões.

A Hyuuga sorriu tristemente e apoiou a mão vazia no ventre. Tanto sofrimento no passado, tanta luta por um futuro que parecia não os incluir mais no agora.

— Hinata... — O tom de voz masculino era preocupado. — Você precisa contar para ele.

Dor. Sangue. Lágrimas. Escuridão.

— Naruto tem uma família agora, Sasuke. — Ela balançou a cabeça, afastando os demônios que insistiam em perturbá-la. — E tem responsabilidades como Hokage. Isso... Isso não é uma prioridade no momento.

— Hinata... — Ele tentou, mas o olhar ferido da ANBU fez com que ele suspirasse derrotado.

A mente feminina começou a formular uma pergunta para o companheiro, mas foi interrompida por três leves batidas na porta e em seguida a figura conhecida, apesar das marcas de idade que se espalhavam pelo rosto, de Shizune entrou no pequeno quarto branco.

— Como você está se sentindo, Hinata? — Ela perguntou, um pequeno sorriso preocupado estampava o rosto amigável.

— Estou bem, Shizune-san. — Fisicamente, a Hyuuga pensou amargamente, emocionalmente era uma história muito diferente. — Foi tudo apenas um grande susto.

Nine in the AfternoonOnde histórias criam vida. Descubra agora