Nine in the Afternoon

Capítulo XII

Visões dizem que um passo em falso leva ao fim, então
Mais e mais alto você deve buscar
Está no seu sangue, vá e pegue
Este é o seu momento, vá até o céu, vá

Rise – League of Legends feat. The Glitch Mob, Mako & The Word Alive

Foi um alivio quando a dor que Hinata sentia finalmente diminuiu, virando apenas um incômodo no fundo de seu crânio. Ela respirou fundo, sentindo o cheiro forte e amadeirado que Sasuke exalava e o braço ao redor dela. Com dificuldade, ela abriu os olhos, que estavam inundados de lágrimas, mas a ninja teve paz apenas durante alguns segundos, porque logo foi como se o mundo explodisse dentro dela. Era um poder bruto e tão grande que ameaçava parti-la em pedaços ao correr por suas veias. Lembrava a sensação que experimentara na lua, quando Hamura lhe confiou seu chakra, porém muito mais poderoso. A jovem fechou os olhos com força, tentando respirar fundo para controlar aquelas sensações que sobrecarregavam seu corpo, sua mente. Ela podia sentir tudo e todos ao seu redor, dentro do clã e, incrivelmente, nas partes da vila que eram próximas ao distrito Hyuuga. Era como se, de repente, ela se tornasse ciente de tudo o que acontecia no mundo e que estava a uma distância de, pelo menos, 50 quilômetros. Era diferente do Byakugan.

E isso a assustava e exauria de uma forma que ela nunca havia sentido antes.

— Hinata... Tenseigan... — As vozes dos colegas se embaralhavam em seus ouvidos.

— Eu não entendo... — Ela sussurrou, a voz carregada de confusão e resquícios do desespero que começara a crescer quando acordou. — O tenseigan... um byakugan puro teria que ser misturado com...

O poder de Hamura.

Aquela constatação apenas serviu para que a perolada ficasse ainda mais confusa. Por que agora? Por que depois de tocar aquele símbolo? O coração dela começou a bater tão forte quanto o poder que corria por suas veias como um rio bravo. Anos haviam se passado desde os eventos da lua, dois para ela, mais de doze para todo o restante. Nada mais fazia sentido, o tenseigan de Toneri havia se desenvolvido muito mais rápido, então por que o dela levara todo aquele tempo?

As sensações que se aglomeravam dentro dela trouxeram lembranças infelizes da missão, a luta contra Urashiki se repetia infinitamente e a mente da mulher ficou ainda mais desnorteada. Era um ciclo que Hinata revivia desde aquele fatídico dia. As lágrimas voltaram a escorrer, soluços escapavam e a jovem não sabia o que fazer.

Por que tudo aquilo estava acontecendo?

Seu corpo estava à beira da exaustão, a morena percebeu. Seus pulmões queimavam pelo esforço que era respirar e a jovem temia que suas pernas desistissem em poucos segundos. Seu oponente estava parado a alguns metros de si sangrando pelo braço que ela amputara, mas o sorriso maníaco insistia em brincar no rosto bonito, fazendo o coração da ninja bater ainda mais forte. Ela tinha se colocado entre o inimigo e Sasuke, que agora estava caído atrás dela, e Hinata teve que conter a vontade de olhar para ele, não podia colocar a vida dos dois em risco apenas porque queria checar como ele estava. Não podia vacilar, um passo em falso e eles estariam acabados.

— Hyuuga. — Sasuke chamou firme. O ninja sabia o que estava acontecendo com a jovem e tinha que, ao menos, tentar evitar que aquilo se repetisse. — Hinata.

Quando não obteve uma resposta, ele segurou o queixo feminino e forçou que ela o encarasse. Os olhos cor de pérola ainda brilhavam em um tom arroxeado e estavam inchados pelo choro quase descontrolado. Ele sentiu o coração apertar, estava ao mesmo tempo morto de preocupação e completamente confuso com os sentimentos e sensações que Hinata despertava nele.