Capítulo V

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Eu quero te abraçar quando não deveria
Quando estou deitado ao lado de outro alguém
Você está preso em minha cabeça
E eu não consigo te tirar dela
Se eu pudesse fazer tudo de novo
Eu sei que voltaria para você
Selena Gomez - Back to You

Uzumaki Naruto se afastou da mesa que estava ocupando a mais de dez horas e caminhou até a janela, observando o sol terminando de se pôr no horizonte. As mãos seguiram até o rosto, tentando afastar os sinais de cansaço que estavam claramente tomando conta do homem. Ele havia lido e relido o relatório que Hinata lhe entregara cerca de vinte vezes, ou até mais, mas naquele momento ele não conseguia ter certeza de nada.

Naruto sempre fora uma pessoa de certezas, ele tinha certeza sobre o que ele queria para seu futuro e sempre lutou por aquilo. Ele tinha certeza do que queria quando eles voltaram da lua e de todo o problema com Toneri. Tinha certeza do que queria quando Kakashi a mandou naquela missão estranha. Ele teve certeza por dias, semanas, meses, anos.

Até o momento em que ele não tinha mais.

Naruto já tinha experimentado a dor de perder alguém antes, mais de uma vez inclusive. Mas ao perceber que ele havia perdido Hinata, e na época tudo apontava para aquilo, foi como perder uma parte de si. Ele se culpava por ter demorado tanto para perceber a pessoa que se tornaria o amor de sua vida, por ter deixado que ela esperasse tanto tempo.

Se culpava por ter deixado que ela fosse naquela missão.

Ela o reprenderia por aquilo, claro que reprenderia. Hinata era uma ninja, herdeira do clã mais poderoso de Konoha. Ele não poderia prendê—la e impedir que ela fosse em missões, por mais que doesse cada parte de si ver a jovem partir. Por mais que doesse saber que um dia ela poderia não voltar.

E quando esse dia chegou, ele não estava preparado. Nem próximo disso.

Primeiro ele negou o que as outras pessoas diziam. Claro, haviam passado seis anos desde que eles saíram em missão. Três desde a última mensagem, mas é claro que eles estavam bem. Sasuke estava junto afinal e Naruto sabia que pouquíssimas coisas, se é que existiam, podiam se opor aos poderes do último Uchiha.

O tempo passou e a raiva chegou. Raiva da missão, raiva de Kakashi, até mesmo raiva de Hinata ameaçava consumir seu ser. Parecia que ele havia voltado aos anos em que ele não controlava Kurama e a raiva da raposa sempre se sobressaia em tempos de crise. Foram quase duas semanas exalando raiva a todo momento até que, num ato impensável, o loiro quebrou os dedos ao socar uma árvore quase tão antiga quanto a própria vila.

A partir daquele dia ele passou a barganhar. Primeiro com si mesmo, depois com os outros. Ele, que nunca se considerou uma pessoa religiosa, chegou até mesmo a pedir para Kami, prometendo oferendas e passar a comer melhor, como Hinata sempre pedia a ele.

Foi em uma volta do templo que a depressão o atingiu.

Sete anos.

Naruto não conseguia mais ter esperança.

Ele não comparecia mais aos seus treinamentos com Kakashi, havia dias que nem mesmo saia de casa. Ou se alimentava. Sua casa havia se tornando um caos, assim como sua mente e seu coração. O Uzumaki não sabia mais como seguir em frente, passava horas sentado olhando para as coisas da perolada e as cartas que ela lhe escrevera.

Foi Sakura que o tirou, a força, daquele estupor. Ela chegou um dia em sua casa, com toda a sua determinação, e fez com que o loiro enxergasse a verdade.

Hinata não voltaria e ele precisava aceitar isso. Precisava seguir em frente, era algo que a Hyuuga gostaria que ele fizesse. Ele não podia ficar preso a um fantasma, a alguém que não voltaria.

Nine in the AfternoonOnde histórias criam vida. Descubra agora