A Diaba e a Missionária

Inimizade em Comum

No sábado, após a festa, todos acordaram de ressaca. Bianca, por exemplo, só acordou porque o som da produção ficou tocando até todos acordarem.

No quarto apenas Bianca e Manu estão deitadas, relutando para se levantar de suas camas.

— Bia, quer me ajudar a fazer o café? — Mariana entra no quarto, com uma xícara de café em mãos.

— Tudo bem... mas só porque eu adoro café. — Levanta da cama, sendo puxada pela Mariana, que sorri com a facilidade de aceitação da amiga.

As duas preparam o café, e Mariana resolve fazer da situação um show, gravando passo a passo as etapas de como fazer uma boa bebida preta. — Eu posso pôr o pó antes e depois coar? Ou eu...

— Sim, eu acho que assim fica mais forte. — Concorda, aproximando o celular do rosto de Bianca, que sorri animada.

Mariana aperta as bochechas de Bianca e logo se põe a ir torrando os pães.

Na sala, Pyong e Rafaella assistem aos story, que no momento exibe os de Mariana. Eles assistem sem nenhuma expressão no rosto, conversando sobre a vida lá fora, e Rafaella comenta sobre ter ficado com um cantor enquanto o mesmo estava casado.

— Mas você não sabia, ou sabia? — Pyong questiona.

— Claro que eu não sabia! Não é da minha índole ficar com pessoas comprometidas... — No mesmo segundo Bianca passa pela porta da sala, parando de frente para os dois.

— Eu fiz um café para nós, a Mari torrou alguns pães, sintam-se a vontade, tá bom? — Comenta com a voz calma, dividindo seu olhar entre Rafaella e Pyong.

— Tudo bem, obrigado Bia. Você vem, Rafa? — Pergunta pra mais alta, que fica pensativa.

— Vou fazer um suco. — Fala, antes de se levantar do sofá.

— É... eu fiz um, só que usei rapadura pra adoçar. — Pyong nega, fazendo cara de nojo. Bianca ri da reação dele.

— Eu também faço assim. — Rafaella responde, não vendo problema no jeito em que Bianca fez o suco. Mas ao perceber que estava tendo uma conversa civilizada com Bianca, ela se reivindica a sua postura, se pondo à realidade, encarando a mulher a sua frente seriamente.

Por que diabos ela estaria oferecendo café, pão e suco?! — Pensa se irritando, desconfiando de algo de errado por trás do gesto.

— Ótimo, então você pode ir lá pegar. Tá na geladeira, na parte de baixo. — Indica para Rafaella. Como resposta, ela nega com a cabeça.

— Eu não vou beber seu suco. — Fala, já saindo da sala, ajeitando seu microfone no pescoço e indo para a parte externa da casa.

Bianca fica estática, analisando a mulher sair ao longe.

— Eu falei algo demais? — Pergunta pra Pyong, que prefere não intervir.

Ela respira fundo, não querendo se deixar levar por nenhuma emoção. Mariana percebe a sua instabilidade e vai até lá, pedindo para a mesma se sentar no sofá.

— Amiga, o que houve? — Mariana pergunta, pegando a mão de Bianca e apertando o centro dela.

— A Rafa... Eu ofereci o café, o suco, e do nada ela se irritou e foi muito grossa comigo. — Abaixa a cabeça, encarando sua mão junta com as de Mariana. — Eu tô cansada disso. Eu tento me aproximar, fazer disso algo mais passivo, mas ela não deixa. Ela simplesmente não me dá a porra de uma chance. — Se exalta, apertando com força as mãos da Mariana, que se surpreende com o ato repentino.