Culpada

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As meninas caminham em direção à cozinha, Bianca vai na frente carregando Manoela nas costas, a forma desajeitada em que a carioca carrega a menor causa uma breve sequência de risadas em Mariana e Rafaella.

— Cuidado, Bi. Assim você acabar se machucando, ou machucando a Manu. — Rafaella profere com seu extinto protetor ativado, indo até a dupla e ajudando a menor a se ajeitar nas costas da outra.

— Ela é fraca, mas pelo menos consegue me carregar. — Manoela deixa um beijo estalado na bochecha de Bianca.

— Se segura porque a fraca aqui vai correr! — Bianca avisa entrando dentro da casa, fazendo Manoela rir alto.

— Bianca! — Rafaella volta a chamar a atenção da mulher, a observando cruzar a porta da cozinha e ir para a sala. — Duas crianças, meu pai.

— Vamos pôr a mesa que já deve ter passado da hora do almoço. — Gizelly se aproxima dela, entregando a panela de carne.

— Por que a senhorita não fez? Já provei a sua carne na pressão, é ótima! — Ela pega a panela e a leva para o balcão, fitando as meninas conversarem na mesa.

— Preguiça. — Gizelly ri, sendo atingida pelo pano de prato.

— Mas cê é folgada, ein.

Aos poucos a mineira vai finalizando o alimento, deixando a carne vegetal pegar o tempero. Enquanto espera, ela observa Gabriela levantar da mesa e ir até o seu lado.

— Queria te falar que acho que o Gui está arrependido. Ela falou que não teve intenção de ferir a gente, e que só queria se proteger. — Após Gabriela finalizar a fala, Rafaella roda os olhos.

"A inocência é uma coisa admirável, mas é por outro lado muito triste que ela se possa preservar tão mal e se deixe tão facilmente seduzir."

— Você acredita nele? — Ela diz sem tirar os olhos da panela, ligando o fogo.

— Não sei, eu ainda tô meio assim porque você é minha amiga e peguei suas dores, mas algo me faz acreditar nele... — Seu tom de voz decai, preocupada com a reação da mulher à sua frente.

— Deve ser porque você gosta dele, aí acaba querendo o bem de qualquer forma.

— Sim, é por isso. Mesmo que não seja reciproco, eu ainda acho ele uma pessoa muito atraente.

— Ai Gabriela... Onde que cê foi se meter? — Rafaella a encara, sorrindo fraco. Ela sorri da mesma forma.

— Ele quer muito voltar a falar com a Bia, mas ela não parece querer... Você poderia me ajudar com isso? Já que vocês estão próximas... Não é romanticamente, é apenas uma amizade, sabe? Esse afastamento afetou ele demais. — Gabriela fala tudo com bastante dificuldade, percebendo o semblante de Rafaella mudar de imediato.

— Gabriela, eu entendo que você pode perdoar ele e não vejo mal nisso, mas agora querer que a Bia fale com ele como se nada tivesse acontecido? Se ela não quer o perdoar, eu que não vou pedir para ela fazer tal ato. Compreendo perfeitamente a sua posição e o impacto que ele tem sobre você, mas não envolve a Bia ou eu nisso, pois somos pessoas diferentes, com sentimentos diferentes. Se a amizade da Bia importasse tanto, se ele realmente sente tal necessidade, por que agiu com tanta má fé?

A falta de empatia envolve a mineira, tendo total noção disso e não se importando.

Não tinha como ter pena de uma pessoa tão manipuladora como esse homem. Independente de qualquer sentimento de sua amiga, o seu carácter e sua racionalidade vinham antes... muito antes.

A Diaba e a MissionáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora