A Diaba e a Missionária

Fada Sensata

"Quem mantém o sigilo, cria mistério, quem cria mistério, mantém interesse." 

No quarto céu, o pessoal mantém o mesmo assunto da cozinha, conversando sobre a confusão na xepa. Manu mesma comenta o quanto ficou nervosa e angustiada com toda a situação, preocupada por Rafa estar no meio daquilo tudo. As meninas de fato se importam com o possível clima desagradável entre os meninos com Bianca, Mari e Flay.

— Mas vocês veem o quanto a Bianca tem uma energia pesada? — Manu pergunta, cruzando as pernas e sentando na cama. — Brigou com a Gi por algo que não foi diretamente com ela, gritou horrores naquele dia lá na sala na frente de todo mundo. — Ela sai listando, como se estivesse guardado cada detalhe das situações equivocadas de Bianca. — Pra mim aquilo foi uma puta de uma encenação, querendo chamar atenção, sabe? Exagero puro. — O pessoal fica em silêncio, concordando com o que a menor fala. Rafa se mantem reflexiva, mas ainda sim não concordando com a fala dela. — E também tem as festas, perde estalecas o tempo todo por entrar com comida aqui dentro, tirando que ela simplesmente põe a Rafa pra cuidar dela. Se quer beber, que beba em paz. — Manu respira fundo, deixando visível o seu nervosismo. — E agora isso. Como assim o arroz não ficou bom?

No mesmo instante Bianca aparece, entrando no quarto com seu semblante sério e com uma postura fria.

Todas a encaram surpresas, principalmente Manoela. Não esperavam serem surpreendidas pela presença do sujeito da conversa. Elas esperam por uma reação estérica, por gritos e ofensas, mas nada é o que Bianca lhes oferece. Seu olhar gélido paira por alguns segundos sob o de Rafa, deixando toda a sua decepção exposta no pequeno ato. Ela pega algumas peças de roupa e se retira do quarto, nem dando o gosto de bater a porta.

— Puta que pariu, ou ela não escutou, ou... — Gizelly começa.

— Ou está chateada demais para ter uma reação. — Marcela comenta entre suspiros.

— Mas é a verdade. Eu não me sinto mais bem perto dela, isso com a Rafa me deixa mal demais.

— Como assim "comigo"? Me explica isso que eu não tô entendendo. — Rafa se divide entre querer saber o que Manu quis dizer com a sua fala e entre ir atrás de Bianca, que a essa altura estaria conversando com alguma das amigas. Decide ficar, por hora.

— Como eu disse, esse cuidado excessivo nas festas... Parece a sua filha, Rafa. — Rafaella suspira, vendo a preocupação excessiva da amiga. — Ontem mesmo você dormiu muito tarde, como em muitos outros dias, e todo mundo aqui sabe que você dorme cedinho... Nas primeiras festas a gente sempre vinha dormir cedo, agora você fica até de manhã.

— Porque eu quero, a Bia nunca me obrigou a fazer nada dessas coisas. Ontem a gente ficou a noite toda conversando lá fora, como você faz diversas vezes com a Gizelly e a Marcela, com o Py... Não tem problema nisso. — Rafa exala sua inconformação com as palavras de Manu e com seu ponto de vista, não vendo mal algum nas ações de Bianca.

— Mas Rafa, você viu como ela falou hoje com você, sobre a comida? Então ninguém pode criticar a comida dela, mas ela pode criticar a sua? — No mesmo instante Rafa ri, não acreditando na seriedade da amiga. Ela levanta da cama, ainda desacreditada.

— Aquilo foi totalmente inofensivo, a gente tava brincando. Você sabe disso, Manu.

— Você tá diferente de quando entrou, tá... — Manu dá uma pequena pausa, respira fundo. — Tá se deixando levar demais, você não acha?

— É Rafa, a gente só quer te ajudar. Talvez por você ser tão próxima assim, acaba não percebendo, entende? — Marcela tenta a fazer enxergar, mas Rafa nega, nem querendo ter uma opinião sobre no momento.