Urubuzinho

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— Rosa. — Bianca completa, elevando seu indicador até a boca da mais alta. O sorriso astuto estampado nos lábios, entrando em harmonia com os olhos semicerrados que vão diretamente ao rosto de Rafa.

Por uma fração de segundos todas as ações de Rafaella são congeladas, não conseguindo mexer nada além dos seus olhos, que caem lentamente até dedo indicador de Bianca sobre os seus lábios. A mulher deixa a boca entreaberta, não tendo controle algum de sua respiração no momento. Seu olhar passa pela mão dela, focando em seus profundos olhos negros, o sentindo despertar inúmeras sensações. A mão de Bianca escorrega pelo pescoço de Rafa, subindo num ato lento até seu rosto, segurando com firmeza a região entre a mandíbula e o queixo. Ela puxa a face com cautela, reparando no estado perplexo de Rafa.

— Bia... — Rafa murmura  em repreensão, sentindo o seu rosto ser pressionado pelas mãos firmes de Bianca. Seu corpo queima com os toques sobre a sua pele gélida, já sentindo o calor vindo em contrapartida.

O olhar de Bianca é desviado para além de Rafa. A mulher bufa, soltando a rosto à sua frente e a encarando com acidez. Rafa fica sem entender, logo sentindo os braços fortes de Petrix ao redor da sua cintura.

— Você está fugindo de mim? — Ele pergunta tom a voz extremamente rouca. Rafa logo liga o tom ao efeito alcoólico, já que o homem parece perder a voz toda vez que passa dos limites.

Com um sorriso forçado no rosto, Rafa tenta se livrar do corpo pesado, notando a reação fria de Bianca com a situação. Ela não pronunciar uma só palavra, apenas pega a sua taça e vai de encontro a Mari.

Os passos pesados deixam claro a sua irritação. Não suportaria mais ver o homem rodeando Rafa, pior ainda, a ver tão indiferente com as intenções dele. Poderia sim querer algo dela, mas não iria ficar atrás, principalmente com ela ao lado de alguém como Petrix. Por sorte, Mari dança com Gizelly na pista. A capixaba nota o desconforto de Bianca, pois percebeu a aproximação dela com Rafa e em sequência a de Petrix. Em uma dúvida interna, Gizelly se divide entre falar e deixar Bianca mais emotiva, ou não falar e a deixar se divertir.

Foda-se o psicológico dela. — Gizelly pensa, puxando Bianca pelo braço, distanciando-a de Mari.

— Por que você não beijou? — Ela é direta, não querendo enrolação.

— Aquela porra atrapalhou o meu esquema. — Bianca fala exaltada, encarando os dois que ainda se mantém na mesa de bebidas. — Ela tava quase, Gi. — Ri, gesticulando com as mãos o quanto achara que faltava para Rafa ceder.

— Eu vi daqui, deu pena de você. — Gizelly acompanha a risada de Bianca, apoiando sua mão no ombro alheio em forma de apoio.

— Tá tudo bem. — Bianca continua observando Rafa, desviando ao sentir o olhar dela sobre si. — Eu só quero dançar em paz, ainda mais agora que o funk começou. — Ela pega o copo de Gizelly, despejando o líquido no seu copo.

— Porra, Boca Rosa. Vai lá encher seu copo. — Ela ri, empurrando o ombro de Bianca.

O som agitado emotiva o lado mecânico de Bianca, desligando o seu lado sentimental. Mari se anima com os movimentos da amiga, tratando de seguir depressa os seus passos. Por conta da presença do álcool no sangue, ambas sentem seus corpos muito mais soltos, facilitando bastante na hora de exercer os passos.

Mari pode até não perceber, mas a presença de Bianca junto de si, mesmo que com a dança, a deixa muito mais energizada. A energia da mais baixa bate positivamente com a sua, deixando o clima mais leve e harmônico. O fato de sempre a elogiar, ou se jogar em cima do corpo distinto tem total influência no seu modo de vê-la, como alguém inspirador e de bom coração.

A Diaba e a MissionáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora