Capítulo 5

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Ayse


No dia seguinte...

Tinha se perguntado a manhã inteira por que teve aquela crise louca no dia anterior. Yarim lhe contou tudo o que havia acontecido, inclusive o beijo. Ayse se desculpou muito por isso, porque não se lembrava desse pequeno detalhe, mas lembrava de quando Tarkan ficou sozinho com ele no quarto. Do que falaram, de como ele riu... e de como gentil era a mão que lhe tocou o ombro, ou como os beijinhos que recebeu em seu rosto o excitaram ao extremo.

Ayse tinha um rosto muito sensível, um de seus pontos fracos. Se tocassem nele, já poderia cair de joelhos, então era melhor que ninguém soubesse disso. E mais uma vez, os únicos que tinham ciência desse segredo eram Yarim e Tarkan.

— Ah... — Suspirou, sendo incapaz de continuar se concentrando em toda aquela papelada. Ele e seu assistente pessoal estavam sentados na mesa de jantar formal trabalhando. Não era o local mais apropriado, porém Ayse o preferia, porque não gostava do escritório, ele o lembrava de seu pai.

Precisavam de uma reforma naquele castelo, para que tirassem tudo aquilo que ainda lembrava o que aconteceu no passado... mas a prioridade agora era usar a verba para cuidar de seu povo. Seus caprichos poderiam ser resolvidos no futuro.

— O que foi, senhor? Gostaria que eu pedisse por alguma bebida ou petisco? — Perguntou Yarim.

— Até que não é uma má ideia. — Respondeu. — Ainda não consigo parar de pensar no que aconteceu ontem.

— Foi a primeira vez que se transformou, senhor.

— Sim... de início doeu um pouco e eu não podia controlar.

— E só acalmou quando o monge Tarkan chegou ao castelo. — Yarim coçou o queixo pensativo. — Ele não parece o tipo de pessoa que o enfeitiçaria, senhor.

— Não é? Eu me senti quente uma porção de vezes por causa dessa coisa aqui dentro, mas é a primeira vez que tenho uma crise desse tamanho. Senti algo começar a ficar estranho logo que vi Tarkan pela primeira vez. Eu ignorei isso, porque achei que não era nada demais... mas depois que o visitei na enfermaria ontem, começou a ficar pior... e só foi aliviar depois que Tarkan apareceu no castelo.

— Hum, peculiar. — Yarim continuou pensativo. — Deveríamos perguntar a ele? Como um monge exorcista, talvez saiba o que aconteceu.

— Sim, podemos aproveitar o evento desta noite. — Ayse se debruçou sobre os papéis. — E então, o beijo foi bom? — Provocou com humor. Foi instantâneo, o rosto de Yarim ficou vermelho como um tomate e ele se levantou.

— Melhor eu pedir os petiscos. Com licença, senhor. — Ele se curvou e saiu rapidamente.

Tão formal... Ayse olhou para suas unhas impecáveis e depois fechou a mão.

Como havia dito mais cedo, estava disposto a falar com Tarkan naquela noite. Preparou-se com uma roupa mais leve, composta por linho branco nas calças largas e uma bata bordada em dourado. Para aquele evento não necessitaria tantas abotoaduras ou joias, apenas algumas mais discretas. Yarim ajudou escovando seus cabelos e mantendo-os perfeitos.

Naquele dia comemoravam o nascimento das crianças dos últimos seis meses, a nova geração de Hammock que não veria a maldade e nem sofreria pelos atos de um governo tirano. Ayse havia deixado esse fato bem claro e forneceu uma parte da verba para aquela comemoração. Seu principal intuito era transformar aquele lugar em um lar para o qual as pessoas amariam, mostrar que governos bons existiam e melhorar sua imagem, já que ainda tinha sangue de Kratos, o antigo Alfa, em suas veias. Alguns ainda acreditavam que Ayse estava enganando-os, prometendo coisas boas para depois massacrá-los, como Kratos fez. Mas Ayse tinha certeza do que havia em seu coração, e a ambição não era uma delas.

O Alfa de Hammock [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora