Gokhan
Estava retornando com uma cesta cheia de vegetais e hortaliças para a casa de Tari naquele fim de tarde. Passava pelo mercado quando mais a frente avistou Emir. O homem tinha sido sua paixão antes de conhecer Tari e trabalhava com seu pai. Ele era pelo menos dez anos mais velho do que ele, não sabia ao certo. Estava discutindo com seu namorado e ali, em público, levou um tapa na cara antes que o lupino se virasse e fosse embora, deixando-o atordoado.
Gokhan ficou de queixo caído. De alguma forma Emir olhou envergonhado para as pessoas ao redor e seu olhar focou justamente em Gokhan. Ele se encolheu chateado e fugiu.
Deve estar morrendo de vergonha, pensou. O que será que ele tinha feito para merecer aquele tapa? Gokhan podia se imaginar com muita raiva, mas nunca teria a coragem de bater em alguém por causa disso. Embora entendesse a vontade de fazer isso às vezes.
Antes que anoitecesse, continuou seu caminho e subiu a colina para a casa de Tari. Era longe do centro, por isso quando chegou, o céu poente estava cheio de cores e as sombras já se formavam por toda parte.
Era provável que Emir tinha percebido que Gokhan gostava dele na época em que trabalhava com seu pai. Afinal, Gokhan nunca tinha conseguido esconder muito bem o que sentia, sempre o observava e por isso acabava se distraindo fácil, quase lhe custou a vida se não fosse por Tarkan.
Enfim, pensar em Emir não lhe dava mais aquelas borboletas no estômago, ou aquela tristeza imensa em saber que ele já era comprometido e jamais ficaria com um lobo desdentado como ele.
Mas agora Gokhan tinha um interligado só para ele e seus dentes no lugar.
Tari nunca veria seus defeitos.
Quando entrou, a sala estava uma desordem. Os sofás foram tirados do caminho e o tapete enrolado para um canto. O assoalho de madeira continha um intrincado de desenhos feitos com giz branco e vários objetos estranhos como pequenas estátuas, caules, até mesmo um bule estava em cada extremidade do desenho. Tari estava sentado com as pernas cruzadas no centro.
Ariel estava sentado em uma poltrona, um pouco pálido. Ele terminava de mexer algo em uma xícara.
— Isso cheira horrível. — O dragão reclamou com muita cara de quem queria vomitar. Matteo rapidamente pegou a xícara das mãos dele.
— Ele já vai beber. — Matteo pisou com cuidado até chegar em Tari que estendeu as mãos cegamente. Ele pegou a xícara e cheirou, fazendo uma careta.
Gokhan rapidamente deixou a cesta na mesa da cozinha e retornou para assistir. Infelizmente ele não tinha sido de muita ajuda para o ritual, tudo o que fez foi comprar os ingredientes que havia no mercado, mas a maioria foi o casal estrangeiro e Tarkan que conseguiram na montanha Malahi.
Encolheu-se pensando se realmente poderia se tornar um mago como o Alfa havia lhe dito. Tari não tinha ensinado nada a ele... claro, eles se ocuparam em cuidar da casa antes que ela desabasse sobre a cabeça de Tari, em seguida Matteo e Ariel chegaram para o seu tratamento e agora tinham feito o favor de ajudar Tari sem cobrar nada em troca... não podia reclamar.
O silêncio seguiu até que Ariel deu seu aval e Tari bebeu a poção que provavelmente tinha um gosto pior do que o cheiro. Gokhan engoliu em seco de pensar sobre tudo o que havia misturado naquela xícara. Seu estômago revirou com náusea e decidiu que era melhor não pensar nisso.
Ariel não se levantou, continuou sentado no sofá no canto da sala e juntou seus dedos como se fosse orar, começando a entoar um canto estranho em uma língua que não conhecia. Tari terminou de beber o líquido horrível e entregou a xícara a Matteo que se afastou. O dentista viu Gokhan e fez um sinal para ele ficar em silêncio. Gokhan assentiu e continuou assistindo.
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O Alfa de Hammock [Romance Gay]
FantasyTarkan, um lobo metamorfo, é um gentil monge viajante que visita lugares onde pode oferecer ajuda. Quando o deus Navi lhe indica sua próxima missão, desloca-se até a cidade de Hammock imaginando encontrar o lugar, cuja reputação era péssima em razã...