Capítulo 28

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Murat


Com um copo de bebida na mão, atravessava a multidão acenando para alguns conhecidos pelo caminho e procurando por alguém que lhe chamasse a atenção. Seus irmãos tinham ficado na companhia do vovô Zeki, que tinha dito insistentemente "vá se divertir, rapaz, não se preocupe conosco" e empurrado ele em direção a festa.

Murat ficou agradecido. Embora amaria passar aquele tempo com seus irmãozinhos, também estava ansioso para encontrar alguém especial. Depois da rejeição do Alfa, ele tinha perdido um pouco seu brilho e talvez se tornado mais inseguro em suas cantadas.

Após Hammock quase ser destruída por um vulcão em chamas, um milagre estava acontecendo, pois muitos dos cidadãos começaram a encontrar seus interligados. Murat sinceramente não sabia muito sobre isso... o que sentiria ao encontrar um interligado? O que exatamente significava isso? Mudaria algo em sua vida? Ou será que realmente havia alguém assim para ele em algum lugar?

Seus pais não lhe ensinaram nada sobre isso e ele nem mesmo frequentou uma escola, pois não houve uma em sua infância para estudar. Aprendeu a ler e escrever com Irmak, seu melhor amigo. E falando nele... precisava encontrar um meio de se desculpar.

Embora depois da discussão que tiveram da última vez, em que Murat ficou chateado por Irmak não ter lhe contado sobre o Alfa já ter encontrado seu interligado, aquele monge de merda, eles tinham trabalhado em equipe várias vezes. Tudo parecia normal entre eles... contudo Murat ainda se sentia culpado pela forma em que tratou seu amigo.

Tinha pensado bem depois daquilo e percebido que suas ações foram da irritação momentânea. E nem adiantava sentir raiva do Alfa, porque ele não tinha feito nada demais... e Murat não sentia nada por ele mesmo, além de admiração.

Com um suspiro, sentou em um banquinho ao lado de um grupo de pessoas que conversavam animadamente. Eles falavam sobre alguém que tinha sido abandonado pelo marido... um lupino que ficou com os dois filhos pequenos, mas que era tão grosso e duro como uma pedra, por isso ninguém o queria.

Murat se sentiu mal pelos comentários maldosos e as risadas as custas de alguém que nem estava ali para se defender. Quando ele ouviu o nome de Zaman, suas costas se arrepiaram. O que esses loucos estavam fazendo falando mal do curandeiro daquela região?

— Ele deve estar tão envergonhado que não sai daquele consultório há dias. — Disse um lupino muito extravagante.

— Ele deve detestar festas assim, já que ninguém iria querê-lo. — Disse um dominante com uma voz bem ridícula. — Coitadinho. — Eles riram enquanto Murat se sentiu extremamente desconfortável.

— Sinto dizer, mas os coitados são vocês. — Murat se levantou em toda a sua estatura, cruzando os braços. Os outros se assustaram e um deles até se levantou para confrontá-lo, mas pela diferença de altura, voltou a se sentar. — Vocês não tem assunto melhor para conversar do que zombar dos outros? Quando vocês ficam doentes, quem é que pode salvá-los? É Zaman. Deveriam agradecê-lo pelo bem que faz a cidade e não difamá-lo sem nenhuma vergonha. Vou levar os nomes de cada um de vocês ao Alfa e ver que punição ele lhes dará.

Eles imediatamente empalideceram na menção do Alfa e se desculparam antes de se dispersarem. Murat suspirou com certo alívio. Menos mal que ninguém quis enfrentá-lo, pois teria que se explicar com Irmak depois, caso uma briga se iniciasse.

Entretanto, seu desejo por encontrar um lupino para pelo menos passar a noite se dissuadiu, substituído por uma preocupação sem sentido pelo curandeiro Zaman. Eles não eram amigos. Aliás, Zaman não era amigo de ninguém, pelo que sabia. Ninguém falava muito sobre ele, mas reclamavam de seu comportamento grosseiro. Embora ele fosse chato como um sapo usando galochas, cuidava bem de seus pacientes, nunca apresentando violência ao usar as mãos.

O Alfa de Hammock [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora