Tarkan
Passaram-se dois dias muito ocupados. Tarkan tinha ajudado Matteo e Ariel a subirem a montanha em busca dos ingredientes para o ritual que faria Anahtari se livrar da maldição. A ideia inicial era buscar em Mahamut, onde era muito perigoso mesmo durante o dia, mas Gokhan sugeriu visitarem a montanha vizinha, Malahi.
Não havia muito que falava sobre a montanha, ela ficava um pouco mais longe do que Mahamut e antes das fazendas que alimentavam Hammock e outras aldeias vizinhas.
Precisou deixar Karim com Irmak, já que levar a criança não era sensato. Tarkan ficou muito aliviado quando descobriu que Reyhan tinha acordado. Agora tudo o que precisavam era que o tempo o curasse. Mas tinha um leve palpite que a presença de Irmak estava sendo um ponto forte sobre a recuperação do lupino.
Enquanto a Ayse, não o tinha visto desde sua discussão na casa de Irmak naquela noite. Nem o viu ou recebeu qualquer mensagem. Talvez por isso que estava se sentindo tão desanimado.
A caminhada foi longa e a subida complicada. Dois sentinelas confiáveis, colegas de Irmak, os escoltaram para não se perderem. Tarkan os tinha conhecido antes.
Em uma das conversas jogadas fora, escutou o seguinte:
— Ouviu que o Alfa rompeu com seus pretendentes?
— O quê, sério?!
— Sim, Murat deve ter ficado arrasado. Por que será que ele fez isso, hein?
— Deve ter encontrado um amante, cara. Me pergunto quem deve ser.
— Seja lá quem for, tem uma sorte daquelas! Imagine só ser o centro das atenções do Alfa Ayse! — O sentinela tinha dito sonhador, e o outro envolveu um braço sobre seu ombro.
— Ele é tão lindo... qualquer um sonharia em tê-lo.
Tarkan ergueu uma sobrancelha e escondeu um pequeno sorriso fingindo tossir. Certamente esses rapazes tinham razão, o sortudo era ele. Nem dava para acreditar.
A imagem de Ayse franzindo as sobrancelhas, todo chateado, veio a sua mente. Deveria ficar preocupado, mas naquele instante só achou fofo demais. Queria envolvê-lo em seus braços, beijar seu rostinho sensível, desnudá-lo e tocá-lo por toda parte.
Só de lembrar do gosto de seu beijo, sobre quão macios eram os seus lábios, seus olhos brilhantes e azuis como o céu, até mesmo quando ficavam vermelhos como sangue, cheios de luxúria... eram todos detalhes que amava.
Um reconhecimento o pegou de surpresa: ele gostava do dragão de Ayse.
Para ser bem sincero, estava começando a amá-lo. Tanto seu lado humano, como seu lado animal.
Todavia ouvir que Ayse o odiava era... triste.
Tarkan tomou a si mesmo como exemplo. Se ele passasse a odiar seu lobo, não poderiam se tornar um. Seu lobo interior tinha um relacionamento sério com seu eu humano. Eles compartilhavam tudo: instinto, dor, amor, carinho, fome... todas as necessidades básicas para se viver. Seus sentimentos estavam muito ligados.
Mas se caso recusasse a aceitá-lo, não imaginava como se sentiria...
Tarkan nasceu como um metamorfo, afinal.
Quanto a Ayse... seu caso era bem mais complicado. Ele cresceu com um lobo, mas de repente o perdeu para uma criatura completamente estranha... ele tinha razão de se sentir chateado. Embora tivesse sido escolha dele, Tarkan não sabia por qual motivo aquilo aconteceu.
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O Alfa de Hammock [Romance Gay]
FantasíaTarkan, um lobo metamorfo, é um gentil monge viajante que visita lugares onde pode oferecer ajuda. Quando o deus Navi lhe indica sua próxima missão, desloca-se até a cidade de Hammock imaginando encontrar o lugar, cuja reputação era péssima em razã...