Capítulo 21

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*Este capítulo será um pouco tenso*


Ayse


Passou a infância pensando que um dia seu pai Kratos o libertaria e finalmente viveriam como uma família. Ele, seu pai e Nascha. Mas isso nunca aconteceu.

Claro que quando Nascha visitava o quarto ao qual ficava confinado, nunca dizia coisas desagradáveis a respeito de seu pai, apenas falava que ele era um homem muito ocupado por ser o Alfa de uma cidade tão grande como Hammock.

Ayse não conhecia o lugar onde morava. De sua janela, podia ver o mar e parte da cidade, sempre pensava que um dia se tornaria um líder também.

Nascha lhe trazia livros que falavam sobre governança e davam exemplos de civilizações antigas. Também romances e livros de história. Ayse amava passar seu tempo lendo, mas foi lhe privado de uma infância saudável. Não brincou com outras crianças, não conheceu outros além de Nascha, que era uma raposa... apenas teve alguns brinquedos, presentes de seu grande amigo.

Sempre pensou que Nascha era como um pai verdadeiro para ele. Assim como o lobo Manju foi para Tarkan. O tempo que passaram juntos foi muito precioso e acabou abruptamente.

Passar quinze anos dentro de um quarto fez a imaginação de Ayse se encher com expectativas. Até então, não sabia como Nascha sofria nas mãos de seu pai e nem o que Kratos fazia com o povo de Hammock. Se soubesse, o que uma criança poderia fazer? Pensando bem, o que Nascha fez foi preservar sua inocência contra os horrores que se passavam ao seu redor.

Em seu aniversário de quinze verões, dois sentinelas apareceram em sua porta e o levaram pelos corredores. Estranhou por ser a primeira vez que pisava os pés fora daquele lugar e imaginou que aquele poderia ser um presente por seu bom comportamento.

Mas não foi bem assim. Quando chegou à sala do trono, teve o primeiro vislumbre de seu pai. Kratos estava sentado sobre o trono de ouro com vestes impecáveis como se fosse um rei. Abaixo lupinos se agrupavam servindo como bancos de apoio para seus pés. Todos com correntes pesadas envolvidas em seus pescoços.

Ao lado direito estava Nascha, completamente nu, amarrado por uma corda como um animal, seu corpo cheio de hematomas e cicatrizes. Ele não parecia nada bem e ao vê-lo quis imediatamente se esconder, porém foi chutado pelo homem segurava a corda, alguém tão altivo quanto o Alfa.

Claro que depois de adulto que Ayse foi perceber que aquele se tratava de Shuman. O braço direito de Kratos e o mago mais poderoso de Hammock.

Kratos se levantou e chutou um lupino do caminho para se aproximar dele. Até então, Ayse estava horrorizado com tudo o que via, imaginava que poderia ser um pesadelo do qual acordaria a qualquer momento, mas seu pai agarrou seus cabelos e a dor lhe deu a certeza de que aquela era a realidade. Ele segurou seu queixo e inclinou de um lado para o outro, até que um sorriso medonho cruzou sua face.

— Ele é perfeito. Enviem-no para Orhan, vai valer um bom preço. — Ele se afastou, retornando para o seu trono e gritou "próximo".

E aquela foi a última e única visão que teve de seu pai.

Alguém que jamais mereceu aquele título.

Um desumano, monstro, maldito... todos os nomes mais abomináveis que podia pensar.

Ayse foi arrastado para fora do castelo. Teve suas mãos e tornozelos amarrados e olhos vendados. Foi jogado atrás de uma carroça e levado por dias, como uma mera mercadoria.

O Alfa de Hammock [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora