Capítulo 16

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Gokhan


Acordou naquela manhã ainda no sofá, com um cobertor sobre o corpo e um travesseiro atrás da cabeça. Um paninho úmido estava em sua testa e seu corpo todo pegajoso de suor. Seu irmão estava sentado ao chão, encostado contra o sofá, adormecido. Ao lado dele havia uma bacia com água.

Gokhan se sentou e quase se assustou ao ver os amigos forasteiros de Tarkan. O lupino dormia na poltrona velha e o dominante estava estirado no chão, roncando.

As lembranças vieram de repente. Teve febre ao fim da tarde quando soube que Tarkan corria perigo. Irmak foi quem lhe deu a notícia depois de voltar para casa roendo as unhas. De acordo com ele, o Alfa e o mago Yagmur iriam salvá-lo.

Olhou para o seu irmão. Ele provavelmente deve ter se sentido muito mal por não poder sair, pois ficou cuidando dele. Se não fosse por Irmak, Gokhan talvez passaria por aquilo sozinho, já que seus pais não poderiam saber do tratamento, afinal tinha quase certeza que eles não o apoiariam.

Devagar, sentou-se ao lado de Irmak e colocou a cabeça em seu ombro. Seu irmão era o maior tesouro de sua vida e não poderia viver sem ele.

Uma mão grande caiu sobre o seu cabelo, afagando, e Gokhan olhou para cima, vendo Irmak acordado.

— Você está melhor?

— Sim, não sinto mais nada.

Ele tocou em sua boca e o incentivou a abrir. — Nenhuma mudança. — Disse com estranheza.

— Ah é? — Se sentiu um pouco decepcionado. É claro que não haveria mudanças... tinha mesmo acreditado que nasceriam novos caninos em sua boca?

A realização daquilo bateu contra ele como uma construção desmoronando e Gokhan não conseguiu evitar a onda de lágrimas que surgiu de repente.

— Oh, Gokhan... — Irmak o puxou para seus braços, envolvendo-o com carinho. — Não chore, irmãozinho.

— O que está acontecendo? — Perguntou Ariel com a voz a rouca, se mexendo com dificuldade na poltrona.

— Seu tratamento não deu certo. — Irmak falou entre os dentes.

Gokhan se afastou do abraço para espantar as lágrimas com as costas das mãos.

— Mas o tratamento só está pela metade. — Ariel resmungou. — Não é agora que os dentes nascem.

Hã? Pensou, olhando atônito para o lupino grávido, ou sabe-se lá como os dragões que tinham bebês eram chamados.

— Ah... preciso de um banheiro, onde fica? — Ele se levantou, sua barriga era surpreendente. Gokhan sempre achou aquilo um pouco impossível, principalmente para ele próprio.

— Eu vou te mostrar. — Irmak bateu em seu ombro com um sorrisinho e saiu para acompanhar Ariel, que parecia um velho com problemas na coluna. Matteo se sentou no tapete com um enorme bocejo e se espreguiçou ali mesmo. Ele acenou para Gokhan, ainda de olhos fechados.

— Bom dia, amiguinho. Pronto para mais do seu tratamento? Vai doer.

Respondeu com uma risadinha, mas no fundo entrou em pânico.


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Tarkan


Acordou naquela manhã após um horrível pesadelo. Nele, Tarkan não tinha sido capaz de proteger seus amigos e os demônios se alimentaram deles. Não sabia como tinha sobrevivido no sonho o suficiente para ver as criaturas emergirem como formigas saindo da toca para varrer tudo o que estava vivo do lado de fora.

O Alfa de Hammock [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora