Capítulo 22

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Rafael

Ontem à noite, depois que Anne voltou do banheiro, achei ela tão estranha. Parecia distante... fria. Alguma coisa tinha acontecido naquela festa para deixar ela assim.

"Será que ela descobriu sobre a Mônica estar no Brasil" penso temeroso.

Assim que terminasse de tomar meu banho iria falar com ela, para saber o que estava aborrecendo-a.

Depois de me vestir, desci, mas não avistei Anne na cozinha e nem na sala. Então, chamei por ela.

- Estou no escritório - Diz Anne.

Me dirijo para lá. Quando entro levo um susto. Ela estava chorando, tento me aproximar, mas Anne me trata com tamanha frieza, que fico completamente sem ação.

- Acho que isso é seu - Diz ela empurrando alguns papéis que estavam em cima da mesa na minha direção.

Neste momento, eu congelei, pois tive um pressentimento que aqueles papéis eram os documentos que pedi para o Dr. Bruno fazer quando Anne aceitou se   casar comigo. Quando começo a lê-los, vejo que não me enganei.

Me pergunto como Anne tinha conseguido aquilo. E logo me dou conta, que ontem na festa, antes de ir para o banheiro, Anne estava falando com o Dr. Bruno e depois disso ela mudou.

"Mas é claro, ele contou a ela", concluo para mim.

Imediatamente, volto minha atenção para Anne, mas o vejo a seguir me abala profundamente. Eu podia ver a mágoa naqueles olhos castalhos. Mas havia mais alguma coisa ali, como sofrimento...raíva.

Naquele momento, eu soube que havia perdido a única mulher que amei em toda minha vida.

- Anne, me deixa explicar - Peço sentindo o medo se apossar de mim.

Precisava que ela me ouvisse, pois não era nada do que ela estava pensando.

- O que foi que eu te fiz para me odiar tanto assim?

A pergunta dela me atingiu em cheio. Por um momento, não consegui dizer nada. Subitamente, senti nojo de mim mesmo, por estar lhe causando todo esse sofrimento.

- Anne, eu não odeio você. Você sabe que a amo - digo de maneira sincera.

Ela balançou a cabeça e começou a rir, mas não havia humor algum ali.

- Me ama? - Repete ela com irônia -  Por favor, pare com essa palhaçada, você não sabe o que é amar alguém, Rafael. Tudo que fez até agora foi para alcançar seu objetivo. - Diz ela sorrindo friamente - Eu tinha esquecido que o grande Rafael quando quer uma coisa, não mede esforços para conseguir. Mas, tudo bem, eu admito que fui uma tola e que você me usou como se eu fosse...

Ela não completa a frase, mas sabia exatamente o que ela queria dizer.

- Anne, não é nada disso - Digo aflito com o rumo que estava tomando aquela conversa.

Tento me aproximar dela, mas num movimento rápido, Anne se levanta da cadeira e se colocando o mais longe possível de mim.

- É melhor você ficar longe - Ela diz  rispidamente.

- Pelo mesmo me deixe explicar o que é isso - Digo mostrando o documento que estava em minhas mãos.

Anne parecia não querer ouvir minhas explicações e começou a dar alguns passos em direção a porta. Mas eu não podia deixar ela sair daquele escritório até eu lhe contar toda a verdade.

- Por favor, tudo que te peço é que me escute. -  Peço quase que num sussurro.

Ela para no meio do caminho e depois me encara um pouco incerta se devia ficar alí. Então, antes que Anne mudasse de ideia começo a falar:

Você de novo? (Quadrilogia Mulheres Negras - Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora