A perspectiva de Vênus

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  Para falar a verdade eu não sabia porque estava seguindo Noz Moscada.

  Eu poderia estar deitado no sofá do escritório, no tapete da sala de estar, na grama do jardim... Talvez no chão quentinho do pátio.

  Tantos lugares...

  -Vem Vênus! Para alguém do seu tamanho, você é muito devagar! -Noz Moscada apressava o passo.

  -Aonde estamos indo? -Perguntei.

  Mas não importava de qualquer jeito. Eu já tinha andado até ali, e agora chegaria aonde quer que ele planejasse nos levar.

  -Você vai gostar, confie em mim.

  Paramos na frente ao quarto do meu filhote.

  -O que estamos fazendo aqui? -Quis saber.

  Colin só acordava às dez, as vezes às onze, então ainda deveria estar no sétimo sono.

  -Você vai ver! Me espere aqui.

  Moscada desapareceu pelos corredores e eu me sentei.

Tomara que isto não demorasse muito.

Estava quase na hora daqueles recrutas passarem pelos estábulos e eu tinha que me exercitar.

  Se bem, que, com o tempo, eles tem ficado cada vez mais lentos, acho que o treinamento deles estava piorando. Conseguia alcançar o primeiro em dez segundos.

  Deveria arranjar outras coisas para caçar. Talvez fosse atrás daquele cozinheiro magricela mais tarde.

  Ouvi um clique e Moscada abriu a porta.

  Tentei fazer esse truque uma vez, acabei quebrando a maçaneta.

Entrei.

-Por que estamos aqui?

-Por causa disto. -Noz moscada subiu em cima da cadeira na mesa e lambeu os beiços vendo o café da manhã completo.

Me apoiei com as duas patas na mesa para cheirar e ver melhor do que se tratava.

-Bacon, ovos, panquecas, pasta de amendoim... Tudo do bom e do melhor. -Moscada fazia a mesma coisa, fungando em cima da comida.

-Você tinha razão. Boa ideia. -Cheguei mais perto assim como ele, mas Moscada acabou aspirando o café e teve um ataque de espirros. -Tudo bem? -Perguntei depois de uns quinze jatos.

-Sim. -Fungou. -Eles colocam muito açúcar nesse negócio. -Lambeu o nariz. -Ele acordou?

Olhei o filhote.

-Não. -Ele continuava dormindo enrolado nas cobertas com um pé para fora da cama. Meu filhote sempre acordava nas posições mais esquisitas. -Ei! O Bacon é meu! -Avisei quando ele começou a se aproximar.

-Por quê?

-Tudo bem, pode ficar com dois. -Empurrei a parte dele e fiquei com os dez restantes.

Um estranho no palácioOnde histórias criam vida. Descubra agora