Uma princesa para um rei

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  Acordei com uma batida forte e rápida na porta.

  Meio sonolenta me sentei e esfreguei os olhos ouvindo novamente alguém bater desesperadamente.

  -Ela está dormindo querida! Deixe-a descansar! -Ouvi vozes abafadas por trás da porta.

  Comecei a prestar mais atenção.

  -Eu não vou sair daqui até vê-la! -Uma mulher respondeu irritadiça.

  -Então simplesmente entre!

  -E invadir sua privacidade? De modo algum! Ela é uma mulher de 22 anos agora. E merece ter seu próprio espaço, não posso ir entrando assim!

  -Se você não vai entrar então eu entro.

  -Não ouse Pedro Joseph Hermê!

  -Pelo amor de Deus...

  Eu reconheci aquelas vozes no mesmo instante. E quando liguei os pontinhos, mal pude acreditar.

  Pulei da cama e, sem nem mesmo pegar meu roupão, escancarei as portas.

  -Pai! Mãe! -Os abracei antes que eles pudessem dizer qualquer coisa.

  -Olá, minha querida! Sentimos tanta saudade... -Ela beijou minha cabeça.

  Já meu pai não disse nada, mas podia senti-lo me abraçar com mais força.

  Não precisava de palavras para expressar o que sentia. A preocupação, o medo, o carinho...

  Me afastei.

  -Quando vocês...

  -Assim que soubemos que a rainha declarou trégua mandei Menfor preparar nossa chegada.

  -Falando nisso... -Mamãe ergueu uma sobrancelha. -Pode nos explicar o que Aaron Vancovur faz na nossa casa?

  Meu sorriso desapareceu na mesma hora, passando o olhar de meu pai para minha mãe de novo e de novo.

  Eles sabiam. Não sabiam?

  Sei que era recente, mas alguém devia tê-los informado, não?

  Pela cara deles provavelmente não.

  -Aconteceu muita coisa enquanto estavam fora. -Comecei cautelosa.

  -Aposto que sim. -Meu pai percebeu no mesmo instante minha tensão e cruzou os braços franzindo o cenho.

  -E eu tive que tomar algumas atitudes, para prevenir uma guerra com Inar. E... E...

  Se eles pelo menos pudessem parar de me olhar assim só por um segundo!

  Percebi que seria melhor falar de uma vez.

  -Eu estou noiva.

  Dei um sorriso sem graça.

  Acho que era muita coisa para os dois processarem depois de uma viagem tão longa, pois ambos ficaram estáticos. Como se não tivessem escutado.

  E então meu pai pareceu furioso. O vi assim poucas vezes na vida e com certeza não me agradava vê-lo assim agora.

  -Na minha sala. Agora. -Ordenou antes de se virar e ir em direção ao seu escritório sem mais nenhuma palavra.

  Me voltei para mamãe um tanto alarmada.

  Ela deu de ombros.

  Depois dando uma última olhada em meu pai que desaparecia virando a esquina. Inspirou fundo. Deu um sorriso torto e segurou meus ombros tentando adotar um ar acolhedor.

Um estranho no palácioOnde histórias criam vida. Descubra agora