Um estranho no palácio

Antes

  Mais tarde naquele mesmo dia eu voltava para meu quarto depois de um dia com Seth e Pam, em maior parte repleto de consolo, soluços e auto- piedade....

  Arg!

  Não aguentava mais.

  Depois que começara a chorar, Pam se emocionara. E Seth, não sendo conhecido por sua paciência e sem saber o que fazer com duas mulheres chorosas, cheias de problemas e babadas por causa de Patas que apareceu do nada quase causando um ataque cardíaco em Pam, simplesmente pediu a sobremesa antes do almoço. E não é que funcionou na medida do possível? Não era como se minhas preocupações fossem desaparecer em um mouse de chocolate, mas ajudava.

  Finalmente um primeiro momento de paz em meio à tempestade.

  E eu ia tentando caminhar em linha reta seguindo a costura dourada na borda do tapete até meu quarto quando me deparei com Colin.

  Anthony em seus braços, desmaiado de sono e um tanto quanto sujo.

  Brigit correndo com suas pernas curtas tentando acompanhar seus passos largos ao mesmo tempo que protestava com sussurros para não acordar o jovem príncipe. Insistindo que era seu trabalho cuidar dele e etc, etc, etc....

-Por favor, vossa Alteza! Ele é pesado! Pode deixar que eu o levo para a cama.

  Se quisesse convencer meu irmão ou qualquer um, teria que arranjar argumentos mais pertinentes. Pois meu irmão era um homem forte de quase 1,85 enquanto ela era muito jovem e pequena, não devendo pesar mais que 45 quilos.

-Agradeço Brigit, mas pode deixar comigo. Aproveito caminho e já me dirijo ao escritório do rei.

-Mas, senhor...

-Por favor, Brigit tire o resto da noite de folga, eu cuido dele.

-Tem certeza, senhor? -Ela perguntava receosa.

-Esta tudo bem Brigit, ele sobreviverá até amanhã.

-Não foi isso que eu quis dizer, vossa alteza... Eu... Eu... -Ela começou a ruborizar e ele lhe lançou um sorriso tranquilizador.

-Está tudo sob controle Brigit, pode ir.

-O...Obrigada, senhor. -Ela fez uma reverência e foi embora ainda um pouco preocupada espiando por cima do ombro algumas vezes antes virar a esquina e perdê-los de vista.

Ele me viu e olhou para Anthony enquanto parava, eu me aproximando e tirando uma folha de seus sedosos cabelos castanhos e levemente dourados como os meus e os de nossa mãe. Mas os dele eram mais ondulados como os de Colin em contraste a seus vividos olhos azuis, agora fechados.

  Colin, na verdade, era a cópia fiel do que nosso pai fora um dia. Enquanto isso, minha estrutura óssea e meus cabelos mais claros foram puxados de nossa mãe assim como os de Anthony.

-Onde ele pegou no sono? -Eu acariciava seus cabelos observando seus lábios cheios, entreabertos e suas bochechas gorduchas amassadas contra o ombro de Coli.

-No labirinto. Ele e James brincaram de esconde-esconde. Mas James desistiu de encontrá-lo e se esqueceu dele. Brigit mandou me chamar desesperada, ficamos a tarde inteira procurando-o até achá-lo apagado perto do chafariz com Vênus.

-Pobrezinho... Temos que dar um jeito naquele garoto ou daqui a pouco ele botará fogo na biblioteca de novo!

-Não deveríamos culpá-lo pelo resto da vida. As chamas nem danificaram tanto assim.

-A parte de Botânica foi totalmente destruída. -Resfrequei-lhe a memória.

-Vamos admitir que ela não faz falta. -Ele me arrancou um sorriso. Realmente, ninguém abria aqueles livros há anos e isto por quê somos considerados uma família composta por leitores vorazes.