Quem é ele?

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-Mas pensei que depois do fiasco do último baile a senhora daria um tempo nas festas.

-Sim, é claro, mas este não é nosso maior problema agora.

-Problema?

Que problema?

-Sim. Um senhor chamado Jonathan Harper pelo o que ouvi falar.

Ela me entregou a capa de algumas revistas, jornais e até pautas de tabloide. Já era esperado, claro. Mas não achei que a repercussão fosse ser tão grande a ponto disto!

  Estava traduzido em pelo menos cinco idiomas diferente e alguns já promoviam apostas para a data do nascimento do nosso primeiro filho.

  Isto sendo que nem mesmo namoro o rapaz.

-Cristo...

Folheava as manchetes incrédula, "reino ganha príncipe-regente", "será que nossa princesa já tem um pretendente em mente?", "o que nossa herdeira ao trono fazia nos braços de um desconhecido?".

E estas eram as melhores, outras não foram tão gentis.

-Não poderia me expressar melhor. -Minha mãe tomava um gole de limonada incompreensivelmente calma. -Está por toda parte. As pessoas estão se perguntando quem é ele, o que aconteceu e o que você pretende fazer a seguir. E tenho que admitir que eu também.

  Pra falar a verdade, eu estava pensando em tomar um chazinho da tarde. Mas agora meus planos teriam de ser mudados drasticamente.

-Bom, isto com certeza é ridículo. -Joguei os papéis na mesinha de centro. -O que aconteceu na noite passada não foi nada mais que um infeliz incidente. Jonathan Harper não tem nada haver com minha pessoa e com certeza não o considero um possível candidato a noivo!

-Não? -Ela ergueu uma sobrancelha me fitando por cima do copo.

  Ah... Aquele olhar.

-Eu não sabia de sua existência até ontem! E... E....

-E você deve deixar isto claro para povo então.

Tinha que dizer que ela pareceu um pouco decepcionada com minha falta de interesse nele.

-Ambas sabemos que as pessoas não acreditarão em uma ordem aleatória de conhecidências oportunas. -Lembrei.

-Não precisa contar toda a verdade.

-Como? -Pensei não ter entendido direito.

  Minha mãe sempre fora aquela que defendia a verdade a todo custo em meio às fraudes e esquemas políticos.

  E agora simplesmente me incentivava a omití-la?

-Não precisa mentir. -Acrescentou. -Não deve mentir. Apenas articule uma história que se adegue a verdade, mas que ao mesmo tempo não comprometa a sua imagem.

-Isto pode ser um pouco mais complicado do que parece. -Comentei.

-Apenas diga que houve um acidente quando foi tomar um ar na varanda. Se desequilibrou, caiu e rasgou o vestido. O senhor Harper em um ato de cavalheirismo, então, a ajudou a voltar para o salão. Simples assim! Sem se afastar da realidade, mas ao mesmo tempo sem incitar mais perguntas.

-Não sei... Não me agrada mentir para o povo.

-Não estará mentindo, estará se protegendo e protegendo aqueles ao seu redor! A última coisa de que precisamos agora é um escândalo.

-Se é no que crê, farei como quiser. -Ela suspirou repousando a mão sobre a minha.

-Só quero o seu melhor, meu amor. As pessoas não compreenderiam, caçariam respostas das quais não saberia responder. Só não quero que sofra mais do que já sofreu.

Um estranho no palácioOnde histórias criam vida. Descubra agora