Uma escolha

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  Tomava Sol com meu caderno de anotações aberto em meu colo.

  Revisava algumas contas quando a bola de James caiu bem em cima do livro. Aquele pestinha, não precisava de uma babá, mas de um exorcista!

  -James! Tome mais cuidado! Aqui não é um campo de futebol. Se quer jogar bola então saia dos jardins e vá para o pátio. Tem sorte de ter me atingido e não Hanse ou Mari.

  -Eu estou bem madame.

Pobre Mari, sempre em pé segurando aquela maldita sombrinha rendada para me proteger do Sol sendo que ela continuava a torrar na manhã quente de verão. Não sabia quantas vezes já lhe dissera que era muito bem capaz de segurar a própria sombrinha e que ela deveria se sentar de vez em quando, cuidar de si mesma, mas isso era tão provável quanto ela me chamar de Angi ( coisa da qual desistira a muito tempo de tentar).

   -Sei que está, mas não graças a James. Um cavalheiro pediria desculpas, rapazinho. -Coloquei a bola de lado, fechei o livro com a caneta dentro e me levantei.

  -Mas não fui eu.

  -Sinto muito alteza, o jovem príncipe esta mal-humorado hoje.

Coitado de Hanse, o pobre mordomo fora escalado para cuidar dos meus irmãos até que a Sra. Florence ( que Deus a guarde, aquela senhora é uma santa por ainda continuar a cuidar dos mais jovens até hoje, eu mesma já havia sido submetida a seus cuidados e a mulher merecia uma canonização) voltasse de suas férias anuais.

  -Tudo bem Hanse, não é sua culpa. Mas isto não é desculpa para seu comportamento, mocinho. Se não foi você, James, então quem foi?

  -Ele!

O ser apontou para nosso irmãozinho de três anos que testava a boa vontade de nossa cadela collie, Monalisa. Que usava todas as forças para ignorá-lo. Mantendo a postura de uma verdadeira dama enquanto ele tentava montá-la supervisionado de longe por uma angustiada criada que se decidia se intervinha ou tirava uma foto.

  -E como Anthony seria capaz de jogar uma bola tão longe se ainda tropeça nos próprios pés?

  -Sim, acho que acabamos de presenciar algo inédito. -Ele sorria na maior cara de pau. James ainda acabaria botando fogo no palácio de novo.

Mas bem quando já ia continuar com o sermão, Francesca chegou correndo o mais rápido que conseguia com sua crinolina. O sorriso mal disfarçado no rosto chamando a minha atenção e a de Mari também. Nos entreolhamos confusas e observamos minha dama de companhia se aproximar.

  -Angi, não vai acreditar!

Ela recuperava o fôlego com a mão sobre meu braço, uma mecha de seus cabelos negros saindo de seu frouxo coque e caindo em seus olhos incrivelmente azuis.

Era interessante como Fran, bela como a aurora era tão delicada quanto um elefante enquanto Mari, com uma beleza mais rústica, com olhos intensamente verdes em contraste com seus cabelos em chamas e suas sardas tinha movimentos leves como os de uma bailarina. As vezes me pegava observando-a tentando copiar sua maneira de demonstrar nobreza mesmo sem a influência de um título.

  -Respire. - a incentivei - Agora, o que houve?

  -É a senhorita Pamela! -Ela dizia com o sorriso radiante. -Acho que deveria dar uma olhada no seu quarto, alteza.

  -Não acredito! -Quase gritei pulando de alegria, podia jurar que até Mari demonstrou alguma animação.

Não me segurei, olhei em volta.

Ninguém comprometedor à espreita.

  Segurei as mãos de Fran e nós duas gritamos balançando Mari que ficou um pouco perturbada tentando equilibrar a sombrinha. E rindo saímos às pressas sem nos preocupar com os vestidos arrastando no cascalho e arruinando as bainha, passando pelos labirintos dos jardins com Mari determina a nos alcançar, correndo o mais sutilmente possível.

Um estranho no palácioOnde histórias criam vida. Descubra agora