P.O.V YEONJUN
Eu ainda encarava o mais velho do outro lado do cômodo com um olhar inexpressivo, um tanto boquiaberto. O alimento desceu duro, arranhando minha garganta, até chegar ao estômago.
Seria possível mesmo que Beomgyu estivesse gostando de mim?
Não. Não. Não. Beomgyu não podia estar gostando de mim. Eu estou aqui para me curar, voltar a seguir o caminho de Deus e sair daqui. Tenho que afastá-lo de mim. Definitivamente.
— O que houve? — disse o mais velho ao se aproximar.
Eu não respondi de imediato. Apenas neguei com a cabeça, enquanto colocava na boca o último pedaço — já frio — do meu lanche.
— Vou terminar de guardar as coisas. Com licença — pedi, levantando-me do sofá.
Vi Beomgyu encarar Santiago, que tragava seu cigarro lentamente, tentando buscar no olhar do cabeludo uma resposta para a minha feição estranha. O cabeludo nada disse, apenas balançava os calcanhares, curtindo a música, como se não tivesse acabado de contar o que era para ser segredo.
Apenas voltei meu olhar para a janela. Estava agoniado, queria sair logo dali.
Guardei as coisas o mais rápido que pude e, em uma hora, já estava me despedindo dos garotos, dizendo que voltaria para meu quarto. Talvez fosse tentar voltar a ler meu livro para distrair meus pensamentos.
— Yeonjun! — ouvi ser chamado quando já estava no corredor.
Olhei minimamente para trás, vendo Beomgyu caminhar em minha direção. Então, continuei a caminhar. Senti um leve nervosismo tomar conta de mim, quanto mais o outro se aproximava.
— Eu te acompanho — disse, alcançando-me.
— Oh... n-não precisa — respondi, caminhando um pouco mais rápido. — Eu posso ir só. Pode ficar com seus amigos — forcei um sorriso e vi o outro estreitar o olhar. Já tinha percebido que eu estava estranho.
— Hey... — parou, pondo-se em minha frente. — O que está rolando? — franziu o cenho, me vendo desviar o olhar.
— Não está acontecendo nada... — disse calmamente, tentando voltar a caminhar. Porém, fui impedido, sendo segurado pelo ombro. — Está tudo bem, Beomgyu — bufuei insistindo.
— Não está não. O que aquele otário te disse? Ele fez algo a você? — disse, se alterando um pouco.
— Não! Ele não fez nada, eu já disse, está tudo bem — uni as sobrancelhas, tentando convencer o outro.
Não queria que Beomgyu perdesse a cabeça. Mas também não queria contar a ele o que descobri.
— Ok... — me soltou. — Se você não vai contar, eu vou tirar isso dele — se irritou, já se virando para voltar ao quarto.
— Hey! Beomgyu! Espera! — corri, alcançando-o rapidamente no meio do corredor. — Espera! Eu conto — disse ofegante, parando-o com as duas mãos em seu peito.
— Então diz logo, caramba! — esbravejou sem paciência.
— O Santiago disse que você gosta de mim — desviei o olhar com vergonha.
— E o que tem? — me olhou com o cenho franzido.
— O que tem é que você não pode estar gostando de mim, Beomgyu. Eu vim aqui para me curar, entende?
— Se curar? Mas que porra? Você acha que tomando remédios e apanhando desses merdas, você vai se curar? — riu desacreditado.
— Porra, Yeonjun, sabe quantas pessoas queriam fazer o trote do primeiro dia com você e eu não deixei? Mesmo não te conhecendo direito, eu briguei com todos esses merdas por você.
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Clinic Worst
FanfikceAo descobrirem a verdadeira sexualidade de seu filho, os pais de Yeonjun, resolvem interná-lo em uma clínica religiosa. No quarto ao lado, reside Beomgyu, que foi internado pelo mesmo motivo que Yeonjun.