Capítulo XIV

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P.O.V YEONJUN

— Sem jantar pra vocês dois – disse o policial, quando paramos em frente ao meu quarto. – Chave! – estendeu a mão para mim, esperando que eu entregasse a chave da minha porta.

Assim que a encontrei no bolso do casaco, entreguei ao oficial. O homem abriu a porta e me empurrou para dentro, sem muita cerimônia. Eu só tive tempo de encarar o rosto de Beomgyu, com um pouco de raiva no olhar — o que deixou o azulado surpreso antes de a porta ser fechada e trancada por fora.

Nos segundos que se seguiram, nem percebi quando um soluço forte saiu de minha garganta. Em um choro mudo... arfava forte, sentindo meu peito dar solavancos com o choro intenso. Encarei minhas mãos sem motivo, mas notei as marcas de minhas unhas curtas na própria palma, da força que fiz ao manter os punhos apertados.

Arranquei o casaco com pressa, assim como fiz com a calça e o resto da roupa. Entrei correndo no banheiro, fui até o espelho e me virei de costas. Me assustei com a cor da minha pele. Só chorei mais forte ainda. Doía tanto... e não era só fisicamente... Adentrei o box correndo, abri o registro na água quente, mas logo tive que diminuir a temperatura, pois o calor só incomodou mais ainda a minha pele ferida. Então, tive que suportar a água fria para aliviar a dor. Lavei meu corpo de forma rápida, não queria ficar doente. Me enxuguei com calma e, num lapso de memória, me lembrei de algo, correndo até minha gaveta.

— Onde está... – sussurrei, vasculhando minhas coisas até encontrar.

— Ainda bem... – agradeci aliviado.

Dei graças a Deus por não ter jogado fora. Havia pego aquela pomada na enfermaria para os machucados de Beomgyu. E, mesmo que só houvesse um restinho, já seria de grande ajuda.

Caminhei até minha cama, retirei o roupão e o coloquei sobre ela. Espremi o máximo possível do pequeno tubo plástico em meus dedos, espalhando com cuidado o líquido pastoso em ambas as palmas, dividindo as quantidades para os dois lados. Levei minhas mãos até a pele que ardia e espalhei a pomada por ali, controlando a vontade de chorar novamente. Assim que terminei, pensei em vestir o roupão novamente, mas achei melhor não. Queria estar livre de incômodos em minha pele.

Encarando através da cortina, percebi que já anoitecia lá fora. Então, apaguei as luzes e me enfiei debaixo das cobertas, deitado de bruços para não pôr o peso sobre as nádegas doloridas. Me forcei a relaxar aos poucos, tentando me desligar do formigamento, do ardor, dos pensamentos confusos, das palavras podres do policial, sobre a promessa... mas principalmente, da raiva que estava crescendo em meu peito a cada minuto que se passava.



Eu não estava mais dormindo tão profundamente quando despertei num susto. Devia ser bem mais de meia-noite. Ouvi um barulho e, logo em seguida, senti minha cama afundar e um peso acima de mim.

Me virei rapidamente, ficando de barriga para cima, e dei de cara com Beomgyu, com os braços e joelhos de cada lado do meu corpo. Franzi o cenho, formulando mil e uma coisas para dizer a Choi à minha frente. Eu o chamaria de mentiroso e até pensava em dizer que não queria mais vê-lo perto de mim.

Podia estar sonolento, mas ainda estava com raiva dele, principalmente pelo que estava fazendo agora. E, afinal de contas, o que ele estava fazendo mesmo?

Beomgyu me encarava impassível, sem expressão, e aquilo me deixou desconfiado. Estava ofegante, com os olhos brilhando com a pouca iluminação, enquanto observava cada detalhe do meu rosto.

Inebriado...

Eu o vi se aproximar de mim lentamente, e me desesperando, até tentei me sentar, mas foi impossível, já que estava preso pelo lençol. Eu sabia que de alguma forma o azulado tentaria se desculpar mas não imaginava, que seria tão der repente e nem dessa forma.

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