P.O.V YEONJUN
Minha mente estava tão distante durante aquele jantar que eu nem percebi o tempo passando entre uma garfada e outra. Minha comida já estava fria em meu prato, mesmo que restasse pouco. Hope e Hina, que dividiam a mesa comigo, perceberam que algo estava errado, mas preferiram não comentar. Eu mastigava meu alimento lentamente, com os olhos vagando entre as mesas, observando cada rosto, cada gesto. Sentia aquele calafrio familiar, de quando me permitia sentir medo novamente. Minha mente estava trabalhando arduamente para separar as coisas, julgando aos poucos o que era certo e errado para mim. Para piorar, meu cérebro só conseguia categorizar tudo em: Errado e menos errado; Perigoso e menos perigoso. Não havia um "correto" a seguir. Era com isso que eu precisava lidar no momento.
Minha mente estava tão confusa...
Suspirei ao lembrar novamente daquela cena do dia. O azulado sentado ao lado daquele de cabelos compridos, que não largava o seu braço. Soobin lançava de vez em quando olhares disfarçados para ele, e isso estava me incomodando de uma forma que eu não sabia explicar. Cada dia que passava dentro daquele local, eu presenciava e passava por situações que se acumulavam em meu interior, causando-me tristeza, mágoa, dor e, principalmente, ódio.
Eu sentia como se fosse explodir a qualquer momento. Precisava respirar fundo — como estava fazendo agora — e massagear as têmporas para relaxar. Todo esse estresse acumulado estava me atingindo com mais frequência, tirando minha fome, sono e, principalmente, a paciência. Levantei-me da mesa, dizendo apenas que precisava descansar. Retirei minha bandeja e segui pelos corredores, pretendendo chegar logo ao meu quarto, se não tivesse sido interrompido por três garotos que barraram meu caminho.
— Onde vai, garotinha? — riu o rapaz de pele bronzeada.
Eu apenas suspirei forte, fechando os olhos momentaneamente.
— Ouvi dizer que está com a bunda ardida por causa do Choi. — O outro zombou, tentando segurar minha mão.
— Não. Me. Toque. — rosnei entre dentes, movido pelo misto de medo e ódio que crescia dentro de mim.
— Oh huu! — zombou surpreso, junto aos outros dois.
— Me deixem passar! — cerrei os punhos.
— Muito valente, admito. — o bronzeado disse, se aproximando enquanto descruzava os braços. — Mas não o suficiente. — concluiu, acertando um soco em minha boca.
Eu cambaleei alguns passos para trás, mas já estava tão possesso que apenas deixei um grunhido alto sair de minha garganta e fui em direção ao maior, desferindo socos em seu peitoral. O mais alto nem se movia. Meus socos não faziam efeito algum. Ele segurou meus pulsos, contendo meu ataque, enquanto ria junto aos outros e me empurrava para longe.
— Isso foi ridículo — riu ainda mais o rapaz, achando graça no meu surto. Eu só me encostei na parede, ofegante de raiva, vendo os três saírem da minha frente aos risos.
Assisti-os se afastarem com lágrimas de nervoso nos olhos. Meu coração estava acelerado, os punhos ainda cerrados. O canto da minha boca doía, mas aquilo não me incomodava mais. Segui a passos pesados pelos corredores restantes, encontrando alguns guardas patrulhando, que vinham em minha direção. Ri, desgostoso. Por que não apareceram antes? — pensei.
Assim que cheguei em meu quarto, arranquei minhas roupas com pressa, jogando-as em qualquer lugar. Coloquei as mãos sobre a cabeça e andei de um lado para o outro, hiperventilando de ansiedade. Precisava fazer algo... Definitivamente, precisava fazer algo.
✤
Aquela manhã eu levantei num salto. Tomei um banho mais frio do que de costume. Pus minha calça moletom, uma regata preta e um casaco moletom, ambas peças na cor cinza. Calcei meus tênis e, ignorando todas as precauções, tomei duas pílulas de cafeína, restando apenas três dentro do frasco agora.
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Clinic Worst
FanfictionAo descobrirem a verdadeira sexualidade de seu filho, os pais de Yeonjun, resolvem interná-lo em uma clínica religiosa. No quarto ao lado, reside Beomgyu, que foi internado pelo mesmo motivo que Yeonjun.