P.O.V BEOMGYU
[alerta: este capítulo contém cenas que podem ser gatilhos, incluindo descrições de agressão física, ansiedade e ataques de pânico.]
Revirava-me na cama, tentando ao menos ficar um pouco confortável. Apesar do cansaço físico, minha mente não me deixava em paz. O desespero começou a tomar conta de mim quando percebi os primeiros raios de sol surgindo pela janela gradeada. Sinto meus pulmões se contraindo. Não de novo, por favor. Penso, suplicando para meu corpo e mente me deixarem em paz. Mas os pensamentos parecem ter outros planos. Eles fervem e fazem minhas têmporas latejarem. Quem era ele? Por que me olhava de forma tão intensa? O que significa tudo isso? Tentava buscar respostas para todas as perguntas que cercavam minha mente, sem sucesso. Minha garganta se fecha e um choro cheio de soluços e confusão me atinge. Antes que eu alcançasse a cama, meus joelhos cedem e me encontro caído sobre eles no chão do quarto.
Me falta ar. Só mais um ataque, eu repetia para mim mesmo. Tentava me controlar, mas o desespero tomava conta do meu ser e eu não conseguia enxergar direito por causa das lágrimas. Por um momento, esquecia onde estava, com quem estava, quem eu era. Meu corpo tremia, minha voz se transformava em gemidos e soluços, e minha cabeça queimava. Tentava me mover, mas não conseguia. Parecia uma paralisia do sono, mas sem o sono. Meu corpo travou com o ataque e eu só conseguia chorar em um tom alto. Tão alto que quase não ouvi o barulho de alguém abrindo a porta. Quase. Maldita porta sem tranca. Eu sabia que o castigo seria dado, estava fazendo barulho demais em um horário inconveniente. Aguardo pelo puxão dos seguranças, mas nada acontece. Não consigo me concentrar em nada. Apenas um silêncio que chegava a zumbir.
— Ei... — escuto a voz de mais cedo, desta vez menos trêmula. Mas o que? — Eu sou seu vizinho, não sei se você se lembra...
— Me desculpe... — é tudo o que consigo dizer, de forma fraca. Me sentindo culpado por tê-lo acordado. — Eu vou fazer menos barulho. Eu prometo.
— Não, Beomgyu... Eu não vim porque o barulho estava me incomodando — sinto sua presença mais próxima. Próxima demais. — Eu vim porque o barulho me assustou. Está tudo bem?
— Pareço bem? — respondo mais seco do que gostaria. Eu ainda estava ajoelhado no chão do quarto. Respirava com dificuldades. Minhas mãos tremiam.
— Eu só quero ajudar. — Ele toca meu ombro e sinto meu corpo estremecer por inteiro. Fazia quase dois meses que alguém não me tocava de forma carinhosa. O contato humano empático quase tinha sido esquecido por mim. — O que eu posso fazer por você?
Fico estático por um tempo, pensando na solução. A calma do moreno me acalmava. Eu ainda não tinha olhado para o rosto dele.
— Pode pegar meu remédio? É um frasco com um rótulo de tarja preta. Está dentro da gaveta. — falo ainda tremendo.
— Claro. — Ele se afasta e, instantaneamente, sinto falta do seu calor. Estava carente e sozinho, no meio de uma crise. Precisava de contato humano.
Ele volta em alguns instantes, para na minha frente, se agacha e me entrega a pílula e um copo de água. Agradeço em tom baixo e tomo o remédio. Antes que eu pudesse raciocinar, sinto os braços de Yeonjun envolvendo meu pescoço e me trazendo para perto de seu peito.
Sinto novamente a vontade de chorar. Seu abraço era quente. As batidas do seu coração estavam controladas. Eu estava me acalmando, em função do remédio, e ele fazia com que eu acreditasse que tudo ficaria bem. Eu sabia que ele também sofria, como todos naquela clínica, mas naquele momento todas suas atenções estavam voltadas para me ajudar a melhorar. Eu nunca tive alguém que se importasse tanto com a minha melhora, muito menos minha mãe. Tento afastar o pensamento e me concentro em absorver o máximo de calor corporal de Yeonjun, sentindo seu cheiro e seu aperto firme em minhas costas. Não sei até quando ficamos assim. Quando ele faz menção de se levantar, percebo que não poderíamos ser encontrados um no quarto do outro. Mas, em parte, eu não ligava. Não estávamos fazendo nada demais.
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Clinic Worst
FanfictionAo descobrirem a verdadeira sexualidade de seu filho, os pais de Yeonjun, resolvem interná-lo em uma clínica religiosa. No quarto ao lado, reside Beomgyu, que foi internado pelo mesmo motivo que Yeonjun.