Capítulo V

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P.O.V YEONJUN 

Olhei para o relógio na parede. Eram 20:37. O horário do jantar era às 21:00, então me levantei e comecei a me arrumar para encontrá-lo. Fui até a janela para ver se a chuva já tinha passado.

A chuva agora caía mansamente. Já não se ouvia mais o som das gotas se chocando contra a janela. Os altos pinheiros ao longe balançavam com o vento forte. "Seria esplêndido se não fosse trágico," pensei.

Caminhei até o banheiro, me despindo sem pressa, aproveitando a água quase fervente que saia do chuveiro.

Ah... eu sabia que aquela temperatura podia ser prejudicial à minha pele, mas, naquele momento, eu não estava me importando nem um pouco.

Depois do banho e da higiene feitos, vesti-me impecavelmente com o uniforme. Estava ajeitando meus cabelos em frente ao espelho quando ouvi batidas na porta.

Deixei o pente de lado e fui até a porta.

— Hey, já está pronto? — Beomgyu perguntou assim que abri a porta. — Podemos ir?

— Podemos ir sim. — respondi com um sorriso ladino.

Andamos pelo corredor, por um lado que eu ainda não conhecia. Subimos uma enorme escada de madeira em espiral, que ficava no fim do corredor. Caminhamos pelos corredores, já dois andares acima, fazendo eu me sentir mais estranho do que antes. Os garotos ali eram bem mais velhos que eu. Muitos estavam cobertos de tatuagens ou cicatrizes. Esses rapazes me encaravam, amontoados em pequenos grupos encostados nas portas das salas, enquanto eu passava encostado ao lado de Beomgyu, que andava com um semblante despreocupado, apenas olhando para frente.

O que me fez relaxar mais foi o rosto do mais velho ao meu lado, ele me passava confiança.

Depois de atravessar um longo saguão, onde várias mesas de madeira e outros móveis eram dispostos para que os alunos estudassem, finalmente atravessamos as longas portas de madeira daquele local, que eu rapidamente classifiquei em minha mente como "paraíso". Sempre fui apaixonado por livros e bibliotecas, mas aquele lugar era maior do que todas as bibliotecas que eu já havia conhecido.

As prateleiras eram tão altas que se estendiam metros acima de mim. O chão bem encerado e as enormes janelas de vidro, com longas cortinas cor vinho, davam ao local um ar rústico e antigo, quase medieval. Nos apresentamos na entrada, deixamos nossos nomes e recebemos uma carteirinha de identificação. Então seguimos até algumas escadas, que me fizeram notar que havia mais três andares acima de nós.

Apenas segui Beomgyu, ainda com a boca entreaberta e embasbacado, enquanto caminhávamos por entre as seções de física avançada, já no terceiro andar. Sem demorar muito, encontramos - entre duas prateleiras de livros enormes - uma larga e rústica porta de madeira que não parecia ser aberta com frequência.

Beomgyu abriu a porta com uma chave que estava em seu bolso e demos de cara com um extenso corredor mal iluminado.

O garoto me puxou por entre o corredor até chegarmos no fundo, onde havia uma escadinha estreita em forma de espiral, que se arredondava cada vez mais até chegar em cima, onde havia uma salinha redonda e pouco espaçosa, porém confortável. Lá havia um pequeno divã, um sofá, um criado-mudo com um abajur fraco ligado, as paredes eram de tijolinhos e havia uma pequena janela aberta de lado.

— Onde estamos? — perguntei curioso.

— Olhe você mesmo. — disse, apontando para a janela enquanto se sentava no divã.

Caminhei curioso até a janela, coloquei as mãos nas laterais e pus a cabeça para fora, recebendo uma forte lufada de vento que jogou todo o meu cabelo para trás com violência. Encarei descrente a vista à frente. Eu conseguia ver toda a clínica, o campo, a floresta e até parte da cidade. Eu estava em uma das torres do local.

Clinic WorstOnde histórias criam vida. Descubra agora