Capítulo XVII

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P.O.V YEONJUN

No momento, ambos estávamos em silêncio. O mais velho apenas absorvia o que eu havia acabado de contar.

— Tá dizendo que... q-que você e o Beomgyu fizeram—

— N-Não, não, definitivamente — me apressei em dizer com o rosto corado. — Foi somente até onde eu disse que aconteceu. — Abracei os joelhos.

— Nem um pouquinho a mais?

— Nem um pouquinho... — concluí.

— Mas... foi bom? — me encarou, vendo-me assentir sem jeito. — Então... se foi bom pra você, por que está tão magoado?

— Não é por causa disso, Tae — fiz uma feição magoada. — Foi por como tudo aconteceu, entende? Ele chegou, me pediu pra confiar nele, fez o que quis e foi embora como se nada tivesse acontecido. E o que mais me dói foi ter permitido tudo.

— Entendo sim, Yeo. Se fosse comigo, eu teria me sentido usado — me abraçou de lado, me confortando.

— É como estou me sentindo agora. Ele simplesmente olhou pra mim e disse que fez "porque quis" — senti meus olhos arderem.

— Oh! Falou com ele depois disso?

— É, eu meio que fui atrás dele tentar cobrar explicações, sabe? — disse, enquanto cutucava a pele do lábio com as unhas.

— Sempre te avisamos que ele não era flor que se cheirasse, Yeo. Eu nunca acreditei nessa história de "sentimentos". Vai ver ele só queria se aproveitar, sabe?

— Eu sei... passei a não acreditar mais nisso também.

— O que te fez mudar de opinião?

— É meio óbvio... — cocei a nuca — Alguém diz que gosta de você, mas continua se relacionando com outras pessoas... É muito estranho, não acha?

— Se tratando do Beomgyu, nada me surpreende, Yeonjun — suspirou, saindo da posição em que estava e ficando de pé, voltando a se alongar.

— O que acha que devo fazer? — questionei, meio hesitante.

— É simples... Não permita mais que ele brinque dessa forma com você. Você me disse que está aprendendo a lutar, certo? — eu confirmei com a cabeça. — Então... use isso a seu favor. Enfia a mão na cara dele — disse, fazendo-me rir.

— Está louco? Ele me esmagaria — neguei com a cabeça.

— Só se ele não sentir nada por você, porque se o Beomgyu gostar de verdade, ele não vai ser capaz de encostar um dedo sequer em você — concluiu, vendo-me ficar pensativo com o que disse.

Na minha cabeça, aquilo fazia sentido. Lembrei-me do que o Beomgyu já fizera para me proteger. Era um ato claro de alguém que realmente gostava de mim. Mas, ao mesmo tempo, ele se comportava de maneira contraditória, sempre me magoando de alguma forma e demonstrando o oposto do que dizia sentir. Aquilo de forma alguma me interessava, claro. Só que o comportamento do Beomgyu já estava ultrapassando meus limites. Estava interferindo demais em minha vida. No momento em que permiti que ele me beijasse e até mesmo me tocasse de uma maneira mais íntima, onde ninguém chegara antes, eu só queria sair disso. Dessa coisa complicada e unilateral que existia entre nós dois.

Era tudo novo demais para mim. Ainda estava aprendendo a dizer "não", mesmo que meu interior quisesse dizer "sim" para as novas coisas que estavam surgindo.

— No que está pensando? — cortou Tae.

— Ah... nada — balancei a cabeça, esquivando-me de meus pensamentos.

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